
"A guerra contra a Ucrânia é injustificável e inaceitável. É uma clara violação do direito internacional e de todos os princípios sobre os quais a nossa organização foi fundada. Deve parar imediatamente", declarou Rau num comunicado, que assinala os seis meses do conflito.
"A guerra não provocada que a Federação Russa lançou contra a Ucrânia causou uma destruição e um sofrimento indescritíveis. Vimos milhares de pessoas inocentes morrerem em ataques indiscriminados em toda a Ucrânia", disse o presidente da OSCE, que exerce o cargo de forma rotativa.
O ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, que este ano ocupa a presidência da OSCE, sublinhou ainda que os ataques russos deixaram milhões de civis sem acesso a recursos essenciais e causaram "a maior crise humanitária na Europa desde a Segunda Guerra Mundial".
Rau alertou para o risco de tráfico humano de mulheres e crianças que fogem do conflito e condenou a deportação forçada de cidadãos ucranianos para a Rússia.
Por último, Rau exortou os 57 Estados membros da OSCE a trabalharem juntos pela paz e segurança e reafirmou o compromisso da OSCE com a população ucraniana.
A OSCE, com sede em Viena, foi criada durante a Guerra Fria apenas para promover o diálogo entre os blocos e é a única organização dedicada à segurança na qual os Estados Unidos, os países da União Europeia (UE) e a Rússia estão sentados à mesma mesa.
A Ucrânia está a assinalar hoje os seis meses da invasão do seu território pela Rússia, em 24 de fevereiro, com uma exposição em Kiev de equipamento militar destruído ao inimigo. Os seis meses da guerra coincidem com o 31.º aniversário da independência da Ucrânia, declarada em 24 de agosto de 1991.
A ofensiva militar russa já provocou a fuga de quase 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções em todos os setores, da banca à energia e ao desporto.
A ONU já confirmou a morte de mais de 5.500 civis, mas continua a alertar que o número será consideravelmente superior.
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