A OAM sugeriu que se interrompa o julgamento a 20 de dezembro e que o mesmo seja retomado a 06 de janeiro de 2022, referindo que "são notórias as manifestações de algum cansaço pela complexidade do processo", não obstante "os grandes avanços" registados, disse Duarte Casimiro, bastonário da ordem, durante a sessão de hoje, em Maputo, e em que participa como assistente.

Para a Ordem dos Advogados de Moçambique, o "período de repouso" vai permitir também que se realizem "alguns atos processuais" face às alterações que se "verificaram a nível das marcações", desde o início do julgamento, a 23 de agosto.

"Não posso deixar de esconder que por detrás deste pedido que estamos a formular, no nosso mais íntimo, há naturalmente a vontade de passar a quadra festiva com os nossos familiares", destacou Duarte Casimiro.

O Ministério Público (MP) e os advogados de defesa subscreveram o requerimento da OAM, tendo o tribunal remetido a resposta para o dia 14 de dezembro - sendo que o MP sugeriu que a retoma aconteça a 10 de janeiro.

"Esses argumentos na ótica do tribunal são válidos, só não é válido o argumento das festas", de natal e de final de ano, referiu Efigénio Batista, juiz da causa, numa alusão à polícia e aos enfermeiros que "não param de trabalhar" na quadra festiva.

A justiça moçambicana acusa 19 arguidos de se terem associado em "quadrilha" e delapidado o Estado moçambicano em 2,7 mil milhões de dólares (2,39 mil milhões de euros) - valor apontado pela procuradoria e superior aos 2,2 mil milhões de dólares antes conhecidos no caso - angariados junto de bancos internacionais através de garantias prestadas pelo Governo.

O Ministério Público moçambicano considera que as empresas estatais Proindicus, Empresa Moçambicana de Atum (Ematum) e Mozambique Asset Management (MAM) foram propositadamente criadas para a mobilização do dinheiro das dívidas ocultas, que alimentaram um gigantesco esquema de corrupção.

As dívidas ocultas foram contraídas entre 2013 e 2014 pelas três empresas estatais para projetos de pesca de atum e proteção marítima que nunca avançaram.

Os empréstimos foram secretamente avalizados pelo Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), liderado pelo Presidente da República à época, Armando Guebuza, sem o conhecimento do parlamento e do Tribunal Administrativo.

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