
"É a única área demarcada - um país ou um território definido dentro de um país - onde toda a população corre o risco de morrer de fome", afirmou um porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Em Gaza, "100% da população corre o risco de morrer de fome", disse Jens Laerke, em conferência de imprensa da ONU em Genebra, refutando as alegações em contrário das autoridades israelitas.
A Faixa de Gaza tem uma população de aproximadamente 2,1 milhões de pessoas que estão sujeitas à proibição israelita de acesso à ajuda (alimentos, medicamentos e outros bens básicos, como combustível) há quase três meses.
Na semana passada, Israel permitiu uma retoma limitada de distribuição de bens, mas quase três meses depois de ter sido iniciado o bloqueio e com a entrada de produtos básicos a conta-gotas, a população está desesperada por comida e o caos é constante durante as distribuições de ajuda humanitária.
Além disso, a maioria da população foi expulsa e está concentrada em três pontos dentro do enclave: Cidade de Gaza (norte), a área central de Deir al-Balah e al-Mawasi, no sul, enquanto mais de 80% de todo o território de Gaza está sob ordens de evacuação ou é considerada área militar inacessível à população.
"As agências humanitárias têm capacidade para ajudar a alimentar Gaza e fornecer outros serviços e mantimentos essenciais para a sobrevivência. Estamos prontos para trabalhar. Estamos prontos para entregar diretamente às famílias, como sempre fizemos", instou o humanitário. EFE
A guerra em Gaza começou na sequência de um ataque inesperado do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
Em retaliação, Israel desencadeou uma ofensiva de grande escala na Faixa de Gaza, o que já provocou mais de 54 mil mortos, a maioria dos quais civis, segundo as autoridades palestinianas, consideráveis fiáveis pela ONU.
A ofensiva israelita causou ainda um desastre humanitário de grandes proporções, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
Há muito que a ONU declarou a Faixa de Gaza como estando mergulhada numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica", com "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
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