O acordo permitirá que os primeiros alimentos, medicamentos e outra ajuda humanitária entrem na região de 6 milhões de pessoas, palco de combates entre as forças dos governos federal e regional desde o passado dia 4 de novembro.

As Nações Unidas e outras organizações não governamentais vêm a pedir acesso à região há semanas. Saviano Abreu, um porta-voz das Nações Unidas citado pela Associated Press, indicou chegará hoje ao terreno uma primeira missão para avaliar necessidades.

"Estamos, evidentemente, a trabalhar para garantir que será prestada assistência em toda a região e a cada pessoa que dela necessite", disse.

A ONU e os seus parceiros estão empenhados em comprometer-se com "todas as partes em conflito" para assegurar que a ajuda a Tigray e às regiões vizinhas de Amhara e Afar seja "estritamente baseada nas necessidades" e de acordo com os princípios de humanidade, imparcialidade, independência e neutralidade, acrescentou Saviano Abreu.

O Governo da Etiópia não fez quaisquer comentários.

Durante semanas, camiões carregados de ajuda foram bloqueados nas fronteiras do Tigray e a ONU e outras organizações humanitárias manifestaram-se por diversas vezes ansiosas por obter acesso livre e neutro ao Tigray, à medida aumentava o número de relatos de fome e escassez de medicamentos básicos nos hospitais da região.

"Temos pessoal nosso a contactar-nos para dizer que não têm comida para os seus filhos", disse um trabalhador humanitário à AP, que falou sob condição de anonimato, devido à sensibilidade da situação.

Estima-se que mais de um milhão de pessoas na região se encontrem deslocadas, incluindo mais de 45.000 que fugiram para uma área remota do vizinho Sudão.

As comunicações e as ligações de transporte de e para o estado autónomo no norte da Etiópia continuam quase completamente cortadas, e o líder em fuga do governo regional, Debretsion Gebremichael, disse esta semana à AP que os combates continuam, apesar da declaração de vitória do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, no sábado.

Continua a ser quase impossível verificar as reivindicações de ambos os lados.

"É extremamente importante obter informações objetivas sobre o que se passa", disse à BBC o principal diplomata norte-americano para África, Tibor Nagy. "A fase militar ativa está basicamente terminada. Não estou a dizer que os combates acabaram. Portanto, nesta altura, a fase humanitária é a mais importante", afirmou.

Particularmente vulneráveis, e no centro das preocupações das Nações Unidas, estão cerca de meio milhões de pessoas em Mekele, a capital de Tigray, mas também cerca de 100 mil refugiados da Eritreia, cujos campos na fronteira entre este país e o estado etíope estão na linha de fogo das forças beligerantes.

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