
"Os disparos da polícia contra manifestantes pacíficos são vergonhosos, além de criminosos", disse a analista sénior da Human Rights Watch (HRW) para África, Zenaida Machada, citada num comunicado da ONG, no qual defende que "o Governo deve investigar minuciosamente o uso de força letal desnecessária pela polícia e responsabilizar os culpados".
Na nota, a HRW referiu que "a polícia angolana usou balas de arma de fogo, gás lacrimogéneo e cães para dispersar um protesto pacífico contra o Governo, que causou a morte de um manifestante na capital Luanda, em 11 de novembro de 2020".
A ONG apontou que "a polícia espancou severamente dois reconhecidos ativistas: Nito Alves e Laurinda Gouveia, ambos em estado crítico, e prendeu arbitrariamente um terceiro ativista, Luaty Beirão".
A manifestação, promovida pelos mesmos organizadores que já tinham visto um protesto reprimido pela polícia no mês passado, pretendia reclamar melhores condições de vida e a realização das primeiras eleições autárquicas em 2021, depois de terem sido adiadas este ano devido à covid-19.
Mas a concentração não chegou a acontecer devido às barreiras policiais colocadas nos acessos à cidade, com milhares de polícias a dispersar os jovens com recurso a gás lacrimogéneo e canhões de água.
A polícia garantiu não ter usado meios letais, mas manifestantes alegam que houve uso de munições reais.
"O Governo do Presidente João Lourenço foi saudado como uma nova era na promoção e respeito pelos direitos humanos em Angola, com melhorias notáveis na liberdade de expressão e reunião pacífica", salientou a HRW.
"Mas a situação mudou dramaticamente em outubro, quando o Presidente, como parte das medidas para controlar a disseminação da covid-19, emitiu um decreto proibindo todas as reuniões públicas de mais de cinco pessoas, pouco antes de uma manifestação planeada por ativistas e pelo principal partido de oposição, UNITA", acrescentou o comunicado.
Para a ativista da HRW, "o Governo angolano não deve usar as medidas contra a covid-19 como desculpa para o policiamento excessivo e a repressão violenta de protestos pacíficos".
A analista da ONG de defesa dos direitos humanos concluiu que o executivo liderado pelo Presidente João Lourenço "deve tomar medidas concretas contra aqueles que cometem abusos contra manifestantes pacíficos".
MBA (RCR) // LFS
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