O Conservatório – Escola das Artes da Madeira apresentou o volume 14 da «Antologia da Música na Madeira«, dedicado à obra sinfónica 'Rapsódia nº 1: Cantos Populares da Ilha da Madeira', composta por Manuel Ribeiro. Esta obra conta com direcção de Paulo Esteireiro, revisão e edição de Francisco Loreto.

O volume disponibiliza, de forma acessível e cuidada, todo o material orquestral — partituras e partes cavas — com o objectivo de divulgar e valorizar este património junto de músicos, investigadores e do público em geral. A sua apresentação decorrerá amanhã, dia 9 de Maio, às 11 horas, no Salão Nobre da instituição.

Sobre a obra:

A obra apresenta a composição "Rapsódia nº 1: Cantos Populares da Ilha da Madeira", da autoria do compositor Manuel Ribeiro, estruturada em cinco secções distintas. Cada uma dessas partes reflete influências provenientes da música popular da Madeira e também do Porto Santo. A primeira secção, com o título Oitavado, assenta num tipo de dança com origem no bolero espanhol. Nesta introdução da rapsódia, Manuel Ribeiro inicia com um Oitavado de carácter imponente e solene, funcionando como abertura da obra. Na segunda parte, o compositor inspira-se no Bailinho, género típico da música tradicional madeirense, criando uma melodia com um ritmo bastante animado. A terceira secção é dedicada à Charamba, também tradicional da Madeira, e aqui surge o tema intitulado Charambinha. Já a quarta parte tem como referência o género Mourisca, apresentando uma secção acelerada e cheia de vivacidade, com melodias que evocam fortemente as características mouriscas da herança musical madeirense. Esta dinâmica culmina numa parte final, em que Manuel Ribeiro retoma a melodia principal da segunda secção, o Bailinho, encerrando a composição com uma reafirmação expressiva do seu conteúdo musical.

Sobre o compositor:

Manuel Ribeiro foi um músico, compositor e maestro, com carreira militar, que nasceu em Mirandela em 1884, e faleceu aos 65 anos de idade em Lisboa, em fevereiro de 1949, com patente de Capitão.

Segundo Paulo Esteireiro (2008), a ligação de Manuel Ribeiro à ilha da Madeira ocorreu entre 1911 e 1917, devido ao destacamento pelo Exército português para o Funchal, onde exerceu funções como chefe da Banda Militar. O seu imediato fascínio pela Madeira levou-o a compor, durante os seis anos em que viveu na ilha, diversas obras com características e influências temáticas madeirenses.