Museveni, no entanto, promoveu o seu filho ao posto de general, mantendo-o no cargo de assessor da Presidência responsável pelas operações especiais, segundo o portal Chimp Reports.

O próprio filho do Presidente de Uganda divulgou a nomeação na rede social Twitter.

Poucos minutos antes, o governo de Uganda havia se distanciado das declarações de Kainerugaba, enfatizando que "não conduz a sua política externa e outras atividades oficiais através das redes sociais nem depende de fontes destas plataformas para discutir questões com outros governos soberanos".

Ao mesmo tempo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros ugandês destacou em comunicado que o Uganda "aprecia as fortes relações bilaterais entre o povo e o Governo do Quénia e do Uganda através da história, valores comuns, respeito mútuo, confiança e desejo de construir uma Comunidade da África Oriental Unificada", após reconhecer o "debate" gerado nas redes sociais pelas palavras do filho de Museveni.

"Neste sentido, o governo de Uganda deseja reiterar o seu compromisso com a boa vizinhança, a coexistência pacífica e a cooperação", destaca-se no comunicado.

A declaração surgiu após a polémica gerada pelas declarações do filho de Museveni, que continuou hoje a fazer declarações controversas.

Kainerugaba desencadeou a controvérsia na segunda-feira ao exaltar a figura do ex-presidente queniano Uhuru Kenyatta, que descreveu como "um irmão mais velho" e "um homem incrível".

"O único problema com este meu querido irmão mais velho é que ele não concorreu a um terceiro mandato. Nós teríamos vencido facilmente", disse ele.

Kenyatta deixou recentemente o cargo por ter completado os dois mandatos presidenciais previstos na Constituição.

As eleições resultaram na vitória do seu vice-presidente, William Ruto, de quem se distanciou nos últimos anos, tendo Kenyatta apoiado a candidatura do ex-primeiro-ministro e líder da oposição Raila Odinga.

Posteriormente, o filho de Museveni continuou a escrever mensagens na sua conta no Twitter, em que falou de uma "revolução" que os quenianos "conhecerão em breve".

"Nós, o meu Exército e eu, levaríamos apenas duas semanas para tomar Nairobi", disse ele, uma mensagem que acumula mais de 6.200 reencaminhamentos e cerca de 8.900 respostas.

"Estou satisfeito por os membros do nosso distrito no Quénia terem respondido com entusiasmo ao meu 'tweet'. Ainda faltam duas semanas para estar em Nairobi", acrescentou, antes de perguntar: "Onde devo ficar a viver quando o exército [ugandês] ocupar Nairobi?".

A mensagem do filho de Musevini prossegue com um desafio: "Irmãos quenianos, seremos um país. Qualquer guerra contra nós terminaria rapidamente. As fronteiras estabelecidas pelos colonizadores não significam nada para os revolucionários. Nairobi!".

Posteriormente Kainerugaba disse ter ficado "satisfeito" por "assustar um pouco os quenianos".

Nesse sentido, salientou que "duas semanas é demasiado tempo", referindo que "em Nairobi em uma semana, com certeza", embora mais tarde tenha dito que "nunca atacaria o exército queniano" porque o pai lhe disse "para não tentar".

"A nossa gente no Quénia deve acalmar-se", concluiu.

Mais tarde, Kainerugaba publicou uma foto sua em que pergunta: "Quantos africanos orientais ainda me seguem?", e hoje reiterou que "as fronteiras coloniais devem cair".

"Tive uma boa discussão com o meu pai hoje de manhã. Aparentemente, os meus 'tweets' assustaram muito os quenianos. Ele vai anunciar mudanças", disse, antes de enfatizar ter dito a Museveni que os países da África Oriental "decidiram ser uma só nação".

"As ameaças não nos impedirão de atingir a meta", disse ele, antes de defender uma união entre Uganda, Quénia e Tanzânia. "Nenhum homem honrado pode permitir que essas fronteiras artificiais e coloniais continuem a existir. Se a nossa geração tem homens, essas fronteiras devem cair", desafiou.

Em Nairobi, o embaixador do Uganda, Hassan Galiwango, foi convocado para um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Quénia, Alfred Mutua, que confirmou o encontro e divulgou na sua conta no Twitter que "foram discutidos assuntos interessantes".

Mutua também se regozijou com os "esclarecimentos" na declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Uganda.

EL // JH

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