"A função do Presidente da República é para mim, a mais nobre e preciosa das funções, devendo ser exercida, sempre, a todo o momento e apesar das dificuldades e desafios, com correção para reforço e consolidação do Estado de Direito Democrático, em favor das pessoas, das nossas amadas e amados, cidadãs e cidadãos, compatriotas Timorenses", disse hoje em Díli na apresentação pública da candidatura.

"Essa nobre função tem que ser exercida, na minha opinião, como presidência de proximidade, mais sensível aos problemas familiares, mais atenta às dificuldades das pessoas, dos idosos, da juventude, dos grupos vulneráveis, das pessoas com incapacidades e das nossas comunidades, mais aberta às sugestões oriundas da sociedade, mais disponível para encontrar soluções, fora do gabinete presidencial, junto do povo", sublinhou.

No manifesto político que leu hoje -- tinha formalizado na sexta-feira a sua candidatura no Tribunal de Recurso em Díli -- Isabel Ferreira referiu-se à sua convicção e fé, e aos valores "cristãos e humanistas" que considera guiarem a sua candidatura.

Apresentando-se "com muita humildade", como "mãe, esposa e membro da grande família timorense" e como "profissional e jurista", Isabel Ferreira salientou o "espírito de trabalho, de dedicação e de sacrifício, de acordo com os mais altos valores de humanismo cristão e da doutrina social da Igreja".

Princípios, sublinhou, que a impeliram a "tomar posição em favor do bom desenvolvimento, crescimento e progresso saudável da nação", cuja herança quer deixar para futuras gerações.

Considerando-se uma "ativista dos direitos fundamentais", destacou a "importância da cidadania, ativa, esclarecida, interessada e participativa, individual ou organizada, em favor de grandes causas políticas e sociais", e disse estar empenhada em "construir um Timor-Leste melhor, mais moderno, solidário, voluntário, tolerante e pacífico".

"Uma candidatura consciente das grandes responsabilidades e das grandes expectativas que o país coloca na função presidencial", destacou.

No seu discurso sublinhou que as competências e ações do chefe de Estado não se devem confundir com as de outros órgãos de soberania e que o Presidente deve "evitar ser confundido como líder de uma corrente política, porta-voz de um partido ou representante de uma parte do país, município ou região".

Deve estar, disse, acima dos partidos, acima dos interesses, acima das maiorias conjunturais, garantindo segurança da democracia e o eficaz funcionamento da sociedade e das instituições".

Isabel Ferreira disse que o chefe de Estado deve mostrar sensibilidade perante os mais vulneráveis e trabalhar fora do gabinete, em proximidade com a população, exercendo uma "magistratura de influência" e procurando destacar os grandes temas nacionais.

"Uma magistratura que considero o mais importante de todos os poderes, essencial para motivar, encorajar, incentivar e mobilizar a nação timorense, em torno das grandes causas político-sociais, iniciando ou fomentando o diálogo político e social entre gerações, nas questões mais sensíveis que dividem os timorenses", afirmou.

"Influência para procurar equilíbrios políticos, contribuindo com a sua ação para a coesão social e territorial, bem como, para a união dos timorenses nas grandes questões de interesse nacional, nomeadamente na luta contra a fome e a pobreza, na luta do acesso à educação, à saúde, à nutrição saudável, à habitação condigna, aos serviços básicos de eletricidade, água e saneamento, de segurança social, como condições básicas e essenciais para o desenvolvimento de cidadãos responsáveis, famílias harmoniosas, comunidades tolerantes e uma sociedade pacífica e segura", sustentou.

Questionada sobre se as suas declarações pretendiam ser uma critica ao atual chefe de Estado, Isabel Ferreira disse não querer "criticar ninguém", mas enfatizou que o Presidente da República "é unipessoal e independente e deve ter estas características, de proximidade com o povo e não estar no gabinete".

Já sobre se contará com o apoio de Taur Matan Ruak durante a campanha, Isabel Ferreira disse que não, dado o cargo que ocupa, sublinhando que mesmo sem o chefe de Executivo tem uma ampla equipa que a acompanha.

E sobre se a candidatura conta com o apoio do Partido Libertação Popular (PLP), de Taur Matan Ruak -- que não anunciou formalmente dar apoio a qualquer candidato -- a jurista disse que "isso depende de cada cidadão, porque qualquer apoiante de qualquer partido pode escolher o líder que quer".

Apesar disso na sala onde a candidatura foi apresentada estavam vários militantes do PLP e o próprio chefe de Gabinete do primeiro-ministro, Taur Matan Ruak.

A primeira volta das eleições presidenciais decorre a 19 de março, com as candidaturas a terem que ser apresentadas até 04 de fevereiro e a campanha a decorrer na primeira quinzena de março.

Até ao momento há 16 pessoas que ou anunciaram a sua intenção de candidatura ou já se registaram formalmente como tal, tornando esta eleição presidencial potencialmente na mais concorrida de sempre.

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