O secretário da Defesa dos EUA e o ministro da Defesa russo falaram pela segunda vez em pouco mais de duas semanas, confirmou o Pentágono, de acordo com a “Sky News”. A chamada foi iniciada por Moscovo, e o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, sublinhou a importância de manter linhas abertas de comunicação entre o Kremlin e Washington.

A porta-voz do Pentágono, Sabrina Singh, recusou-se a fornecer mais detalhes sobre a chamada. Já o Ministério da Defesa da Rússia afirmou que “foi discutida a questão da prevenção de ameaças à segurança e da redução do risco de uma possível escalada”.

A teleconferência entre Austin e Andrei Belousov de 25 de junho foi a primeira ocorrência deste tipo desde março de 2023. O Ministério da Defesa da Rússia disse que Belousov alertou Austin sobre os perigos do fornecimento contínuo de armas dos EUA à Ucrânia durante aquela chamada.

E, nesta sexta-feira, Moscovo voltou a emitir um alerta. Qualquer decisão dos países ocidentais no sentido de permitir que a Ucrânia utilize as armas que os aliados forneceram para atacar ainda mais o território russo configuraria uma “escalada perigosa”, vincou o Kremlin. O uso de armas está atualmente limitado a ataques às forças e posições russas que lançam ataques contra Ucrânia, mas as autoridades ucranianas têm apelado, repetidamente, para que se levantem de todas as limitações.

Vários líderes mundiais, entre os quais o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, e o Presidente francês, Emmanuel Macron, defenderam que as restrições deveriam ser aliviadas.

Em declarações aos jornalistas na sexta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que aqueles mísseis “já estão a atingir” o território russo. “Quanto a aumentar a escala, trata-se de pura provocação, além de uma nova e muito perigosa escalada de tensões”, ripostou ainda.

O antigo Presidente russo Dmitry Medvedev admitiu que Moscovo continuará a sua operação militar para “esmagar” a Ucrânia, mesmo que Kiev aceite os termos de um acordo de paz. Agora vice-presidente do Conselho de Segurança russo, Medvedev disse que a Rússia “cravará um longo prego de aço no caixão” da Ucrânia mesmo que o país entregue grande parte do seu território de leste.

Em causa está a proposta hipotética de a Ucrânia desistir de quatro regiões (Zaporíjia, Donbas, Donetsk e Kherson) e abandonar as suas aspirações de aderir à NATO, em troca de um cessar-fogo. “E se eles aceitarem [o acordo]?” perguntou Medvedev no Telegram. “Não será o fim da operação militar da Rússia”, respondeu também. "Mesmo depois de assinar os papéis e aceitar a derrota, a parte restante dos radicais, após um reagrupamento de forças, mais cedo ou mais tarde regressará ao poder, inspirada pelos inimigos ocidentais da Rússia. E então chegará a hora de finalmente esmagar o réptil. Enfiar um longo prego de aço no caixão do quase-Estado de Bandera", prosseguiu, fazendo referência ao nacionalista ucraniano de extrema-direita da época da II Guerra Mundial, Stepan Bandera.

Kherson foi alvo de um “bombardeamento intenso”, de acordo com o líder militar da cidade. Roman Mrochko adiantou no Telegram que o ataque durou cerca de meia hora, e danificou casas e edifícios administrativos, além de destruir uma loja e vários carros. “As pessoas estão muito assustadas, mas vivas”, referiu. “Milagrosamente, ninguém ficou ferido.”

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⇒ A Alemanha queixou-se de que a presidência húngara do Conselho da União Europeia provocou "muitos danos" apenas 12 dias depois do seu início, aludindo à viagem do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, a Moscovo. "Temos de ver como continua a presidência húngara do Conselho. Estamos no dia 12 e já causou muitos danos", comentou o porta-voz ajunto do Governo alemão, Wolfgang Buechner.

⇒ Quatro países europeus da Aliança Atlântica - Alemanha, França, Itália e Polónia -, acordaram durante a cimeira celebrada em Washington um plano de cooperação com vista ao desenvolvimento e produção de mísseis de longo alcance. O memorando de entendimento abre caminho a uma cooperação com o objetivo do reforço das capacidades militares de cada uma das nações, mas também da “base industrial e da defesa europeia”.

⇒ A Rússia vê a África como "continente do futuro" e quer aprofundar as relações políticas e económicas com os seus países, disse esta sexta-feira, em São Tomé, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo. Mikhail Bagdanov que falava após encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros são-tomense, Gareth Guadalupe, sublinhou que "as autoridades russas, especialmente o Presidente Vladimir Putin, têm uma atenção muito especial em relação a África" que "começou muito antes da operação especial [Guerra na Ucrânia]", apontando que a primeira cimeira Rússia-África aconteceu ainda em 2019.