Numa carta ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, 53 ONG pedem "uma investigação ou uma missão para estabelecer os factos", com o objetivo de determinar "se o comportamento do Estado provocou ou contribuiu" para a explosão, "uma tragédia de proporções históricas".

"Os 10 meses que passaram desde a explosão foram marcados por obstruções, eleições e atrasos por parte das autoridades", denunciam as ONG no documento.

As ONG criticaram o fracasso da investigação libanesa, que, quase um ano depois do incidente, não apresentou conclusões concretas.

Em agosto passado, as autoridades libanesas recusaram qualquer investigação internacional, solicitada por familiares das vítimas, mas também por organizações internacionais e países ocidentais.

A gigantesca explosão, que deixou também 6.500 feridos e devastou metade da capital libanesa, foi provocada por um incêndio num armazém que guardava toneladas de nitrato de amónio "sem medidas de precaução".

O país vai assinalar um ano da tragédia em agosto, mas a investigação libanesa ainda não tornou públicas as suas investigações.

Em fevereiro, um primeiro juiz de instrução encarregado da investigação foi contestado e retirado caso. Este magistrado já havia acusado o primeiro-ministro demissionário Hassan Diab e três ex-ministros, causando protestos nos círculos políticos.

O novo juiz de investigação Tarek Bitar deve iniciar os interrogatórios no contexto desta investigação em breve.

No final de maio, Bitar recebeu um relatório técnico elaborado por investigadores franceses enviado a Beirute imediatamente após a tragédia.

A investigação libanesa visa determinar as causas da explosão, mas também entender por que a carga de nitrato de amónio foi descarregada no porto de Beirute para ser esquecida no local por vários anos.

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