"Nós, os moçambicanos, mais uma vez estamos a provar ao mundo inteiro de que o papel da mulher nos processos de desenvolvimento, sociais, políticos e económicos é fundamental", disse o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, durante a cerimónia de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) daquele grupo em Vunduzi, nas encostas da serra da Gorongosa, na província de Sofala, centro do país.

Com estas 140 guerrilheiras, o número total de abrangidos pelo processo de DDR, que resulta do acordo de paz entre o Governo moçambicano e a Renamo, passou para 1.075.

O Presidente moçambicano sublinhou ainda que o processo de paz não termina com a desmobilização, defendendo a necessidade de um diálogo permanente.

"A paz significa uma inclusão permanente no diálogo e isso não pode parar", afirmou Filipe Nyusi.

Por sua vez, o líder da Renamo, Ossufo Momade, realçou que a mulher desempenhou um papel fundamental para as vitórias alcançadas pelo partido, ao destacar-se na frente de combate militar e política, e no processo de desenvolvimento nacional.

O líder da Renamo reiterou apelos para uma "desmobilização condigna e humanizada", bem como para "a abertura de um ambiente de coabitação política pacífica, pressupostos de uma paz duradoura e efetiva reconciliação nacional".

A base de Vunduzi foi o local onde decorreu o último encontro entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder histórico da Renamo, Afonso Dhlakama, falecido na Gorongosa em 2018 por complicações de saúde.

Depois de um arranque simbólico no ano passado, o DDR esteve paralisado durante vários meses, tendo sido retomado em 04 de junho. Vai envolver 5.000 membros do braço armado do maior partido da oposição.

Apesar de progressos registados no processo, que teve como principal marco a assinatura do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional em agosto do último ano, um grupo de dissidentes do partido (autoproclamado Junta Militar da Renamo), acusado pelas autoridades de protagonizar ataques armados que já provocaram a morte de pelo menos 24 pessoas, tem estado entre as preocupações das duas partes.

A autoproclamada Junta Militar, liderada por Mariano Nhongo, antigo líder de guerrilha da Renamo, contesta a liderança do partido e o acordo de paz assinado em agosto, sendo acusada de protagonizar ataques visando forças de segurança e civis em aldeias e nalguns troços de estradas da região centro do país.

AYAC // ROC

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