
"É um congresso cuja realização foi consensual, não legitima nem uma direção nem outra dos dois congressos realizados anteriormente", afirmou à Lusa a mesma fonte, sublinhando que deste congresso deverá "sair uma direção única, consensual, que será depois legitimada junto do Tribunal Constitucional".
Segundo a mesma fonte, "até ontem [quinta-feira] houve apenas uma lista" liderada por Patrice Trovoada que concorre à presidência do partido, numa candidatura feita a partir do estrangeiro.
Patrice Trovoada, primeiro-ministro são-tomense de fevereiro a julho de 2008, entre 2010 e 2012, e de 2014 a 2018, saiu de São Tomé e Príncipe após as eleições legislativas de outubro de 2018, quando o seu partido foi o mais votado, mas não conseguiu formar governo.
No mês seguinte, demitiu-se da direção do partido fundado pelo seu pai, o antigo Presidente são-tomense Miguel Trovoada, o que levou a uma crise interna dentro do ADI.
Em menos de dois anos, duas alas diferentes do partido realizaram dois congressos. Num primeiro, realizado em maio do ano passado, Agostinho Fernandes foi eleito presidente, arrastando consigo a maioria dos quadros do partido. Poucos meses depois, outra ala do partido realizou outro congresso, elegendo Patrice Trovoada para a presidência do partido.
O Tribunal Constitucional rejeitou a legalidade deste segundo congresso, tendo reconhecido antes a direção de Agostinho Fernandes, que, em julho deste ano, viria a renunciar ao cargo, alegando falta de consenso para realizar um novo congresso para tirar a ADI "profunda crise".
"Este será um novo congresso. Os dois congressos já realizados ficaram no passado, a nova direção que sair do evento de sábado vai abrir portas para eleger novas estruturas do partido e trabalhar para unificar definitivamente os militantes", referiu a mesma fonte à Lusa.
"Nunca falta desavença dentro de uma família, vamos esquecer o que passou, mas esquecer o que passou para nós alcançarmos aquilo que nos espera, tem que haver disciplina", disse o líder da bancada parlamentar, Abnildo de Oliveira, na semana passada, durante a abertura do conselho nacional que marcou o congresso deste sábado.
A ADI venceu as eleições legislativas de 2018 com maioria simples de 25 dos 55 assentos parlamentares, mas não conseguiu formar governo, dando lugar a uma coligação constituída pelo Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP-PSD) que obteve 23 assentos, e outros três pequenos partidos unidos numa coligação de cinco deputados.
O congresso eletivo do ADI terá lugar no Palácio dos Congressos, na capital são-tomense, e são esperados 500 delegados.
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