A exposição em causa foi inaugurada em 25 de setembro e devia decorrer até 18 de outubro, mas no passado fim de semana as portas já estavam fechadas, sem aviso prévio.

A presidente da Casa de Portugal, a associação que organiza há anos a mostra em Macau, contactada pela Lusa, no dia 08 de outubro, escusou-se a explicar as razões para o encerramento da mostra. Amélia António limitou-se a dizer que "questões de gestão interna não são para discutir em público".

Em conferência de imprensa em Macau, o embaixador José Augusto Duarte apontou que a questão da Casa de Portugal foi abordada com as autoridades do território, assegurando que estas lhe garantiram que "não houve interferência de autoridades locais nessa questão".

A Fundação Macau, através da qual o Governo patrocinou a exposição, limitou-se a afirmar, numa resposta à Lusa, que teve conhecimento do fecho antecipado da exposição "por causa de um problema de gestão interna da Casa de Portugal".

Para reforçar o seu ponto, José Augusto Duarte afirmou que muitas associações portuguesas lhe recordaram o apoio imenso e constante que têm tido por parte da Fundação Macau ao longo dos anos.

O embaixador admitiu, contudo, ser preferível que esta situação não tivesse existido.

Na segunda-feira, a Iniciativa Liberal (IL) questionou o Governo português sobre o encerramento "sem explicações concretas" da exposição.

Na pergunta, a IL citou o diretor de exposições da fundação, Laurens Korteweg, que disse que as razões para o encerramento da exposição permanecem "pouco claras" e que a organização está "a acompanhar as notícias dos 'media' locais, nas quais se sugere que pode ser o resultado de pressão externa sobre o conteúdo da exposição".

Também na conferência de imprensa de hoje foi abordado o tema da liberdade de expressão em Macau.

Em relação a esta matéria no território, que até 2049 deverá gozar um elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, José Augusto Duarte afirmou que se "está face a um regime legal local".

"Não tive até agora nenhuma prova vinda do vosso lado, e eu falei com muitos jornalistas em privado (...), que me tivessem dado exemplos concretos de censura por parte das autoridades (...) eu estou cá para vos defender e promover todos os meus compatriotas", disse aos jornalistas presentes na conferência de imprensa no consulado de Portugal em Macau.

"Querer exportar os seus valores por muito universais que sejam... é um valor nobre, mas não é realista", indicou.

Ainda sobre os jornalistas afirmou: "eu defendo a liberdade e promoção dos portugueses e das portuguesas (...) portanto não vale a pena estarmos a provocar polémicas porque não é esse o meu interesse também. Se vocês quiserem criar esses fantasmas..."

O embaixador de Portugal em Pequim está em Macau desde segunda-feira onde encetou contactos, pela primeira vez desde que a pandemia da covid-19 começou, com as autoridades locais, entre as quais o chefe do Governo, Ho Iat Seng, com várias estruturas da comunidade portuguesa, para participar na a 15.ª Reunião Ordinária do Secretariado Permanente do Fórum de Macau e para marcar presença na inauguração da Exposição de Produtos e Serviços dos Países de Língua Portuguesa (2020PLPEX) e da 25.º Feira Internacional de Macau.

Hoje ainda o embaixador segue para a cidade chinesa de cantão para participar nas celebrações do segundo aniversário do consulado português naquela cidade.

MIM (JPI/JYO) // VM

Lusa/Fim