"O Governo nega, o Governo faz a festa à volta das contas públicas, faz a festa à volta do crescimento da economia e nega uma realidade: nós estamos na cauda da Europa, nós estamos num processo de empobrecimento", afirmou o líder social-democrata, Luís Montenegro, que falava em Vila Real, onde hoje encerrou as jornadas "Construir a Alternativa", e respondia a uma pergunta sobre o aumento da contestação nas ruas.

Luís Montenegro reforçou a ideia de que o Governo e o primeiro-ministro, António Costa, estão "em negação" e considerou, "naturalmente, que as pessoas começam a ficar cada vez mais cansadas de verem o poder político e governativo a dar uma ideia de país, a dar uma ideia de realidade, que não é aquela que eles sentem no dia-a-dia".

O líder do PSD salientou ainda que, "infelizmente, Portugal é um país onde cada vez mais há portugueses a ganhar o salário mínimo nacional e cada vez mais o salário mínimo está perto do salário médio".

António Costa, acrescentou, "anda a correr o país a vender obras por tudo, e por todo lado, e anda a dizer que há dinheiro para tudo e para mais alguma coisa à conta do volume de financiamento que vem do Programa de Recuperação e Resiliência".

É esse, sublinhou, "o programa político dele".

"E as pessoas interrogam-se, mas tanto dinheiro, afinal, nos cofres do Estado e a nossa vida está cada vez pior? Como é que é possível nós metermos 3,2 mil milhões de euros na companhia aérea TAP, que era privada e que este Governo quis nacionalizar, quando nós temos dificuldades no dia-a-dia", apontou.

Isso, continuou Luís Montenegro, "vai originar processos de contestação e processos de frustração".

"E eu só posso compreendê-los e construir soluções políticas para que no futuro a situação se possa alterar", sustentou.

Questionado sobre se uma das soluções passa pela limitação de preços, o líder do PSD respondeu que "pode passar pelo menos por uma fiscalização muito apertada sobre os processos de formação dos preços e também sobre eventuais práticas especulativas, nomeadamente no domínio alimentar".

Luís Montenegro insistiu que há um ano que alerta para a "disparidade entre a taxa de inflação, por um lado, e o crescimento dos preços em bens", nomeadamente produtos alimentares, da energia, ou das rendas, e prestações da casa para quem tem crédito à habitação.

"Sempre disse que tinha de haver uma resposta para isso e disse mais. Disse já no ano passado que o Estado estava a retirar da sociedade a maior parte dos recursos que a sociedade é capaz de gerar, em impostos", afirmou.

E, acrescentou, "há aqui uma imoralidade".

"O Estado está a tirar aos cidadãos, às famílias, às instituições e às empresas mais do que aquilo que até inicialmente previa no orçamento do Estado e, em contrapartida, oferece piores serviços e não consegue conter o aumento do preço dos bens essenciais", sublinhou.

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