A Ucrânia afirma ser capaz de atacar com armas ocidentais as bases de retaguarda da Rússia e outras posições localizadas em território russo, o que tem sido recusado pelos aliados de Kiev com receio de provocar um agravamento do conflito.

"Em Washington e em várias capitais europeias, alguns estão zelosamente a tentar provocar para aumentar constantemente o nível de escalada. Neste sentido, podemos descrever a sua posição como irresponsável", observou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, entrevistado pela televisão russa.

"Entre os senadores americanos, entre os membros do Congresso, há muitos exaltados que consideram que o seu dever é colocar achas na fogueira", acrescentou.

A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, abordou por sua vez o assunto com sarcasmo, sugerindo à Ucrânia que ataque a Embaixada dos Estados Unidos em Moscovo com armas norte-americanas.

Estas declarações de Moscovo seguem-se a comentários de autoridades eleitas dos Estados Unidos defendendo o direito da Ucrânia a atacar o território russo com armas norte-americanas.

"Acho que precisamos permitir que a Ucrânia faça a guerra conforme considerar necessário", sustentou o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Johnson, aos jornalistas na quarta-feira, adicionando que as forças de Kiev "precisam ser capazes de reagir" e que não é boa política "microgerir os seus esforços".

Outro membro republicano na câmara baixa do Congresso, Michael McCaul, criticou a restrição imposta pela administração do Presidente norte-americano, Joe Biden, ao uso de equipamento militar fornecido por Washington, advertindo que é perigosa para a Ucrânia e condena o país a lutar "com as mãos amarradas nas costas".

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem manifestado o seu descontentamento em relação à intransigência dos aliados europeus e norte-americanos, enquanto o seu país sofre há mais de dois anos ataques lançados a partir do território russo, com uso frequente de armamento estrangeiro, como os 'drones' iranianos Shahed.

"Esta é a maior vantagem que a Rússia tem, e não podemos fazer nada contra os seus sistemas [de armas] localizados em território russo com armas ocidentais. "Nós não temos esse direito", lamentou na semana passada em entrevista à agência France Presse.

HB // PDF

Lusa/Fim