
O secretário-geral do Juntos Pelo Povo (JPP), Élvio Sousa, entende que o debate sobre o pastoreio ordenado na serra deve voltar à agenda política. No âmbito do plano que o partido tem vindo a desenvolver para preparar o futuro da agricultura regional e a valorização do meio rural, em aliança com as pescas e a pastorícia, esteve no domingo em contacto com pastores na Calheta.
“Uma declaração de interesses”, alertou o dirigente máximo do partido. “O JPP sempre defendeu o pastoreio ordenado na serra, tendo para isso requerido um debate potestativo na Assembleia Legislativa Regional (ALM), para trazer o governo a discutir o assunto do pastoreio.”
Depois de explicar o que pretende, Élvio Sousa apontou às políticas da aliança governamental PSD/CDS: “Fica cada vez mais claro, que este Governo não houve os agricultores, os produtores de banana, os produtores de cana-de-açúcar, e está de costas voltadas para os criadores de gado, que são, sem dúvida, um dos melhores amigos e protetores das serras da Madeira, uma aprendizagem secular, passada de gerações em gerações”, lembrou.
Élvio Sousa observa a realidade do sector primário da Região e não tem dúvidas: “O mundo rural na Madeira terá de reorganizar-se e ter uma palavra a dizer nesta governação desastrosa”, sugere. Quanto ao gado na serra, faz um sublinhado: “Em momento algum, o JPP defende um regresso ao passado, ao pastoreio livre e descontrolado, desregrado que levou à destruição de importantes espécies vegetais. Mas ao contrário do que se passa no arquipélago da Madeira, por toda a parte, a pecuária tem vindo a desempenhar um papel fundamental na gestão e no ordenamento do território.”
Debater sem preconceitos, com factos, conhecimento científico e o saber empírico de várias gerações para encontrar pontos de equilíbrio. “Existem casos de sucesso que utilizam os seus animais de forma devidamente ordenada, na recuperação de áreas degradadas e com impactos positivos nos ecossistemas, tenham eles originalmente evoluído, com ou sem a presença de animais herbívoros”, explicou.
Na sua opinião, “é preciso encontrar, assim, áreas tecnicamente identificadas e com condições ambientais e orográficas para essa atividade controlada e ordenada, porque é imperativo o combate às espécies invasoras”.
Reprova opiniões que colocam os pastores como os inimigos das serras. “Atenção, os pastores não são os maus da fita, eles nunca defenderam a largada de gado dentro da Floresta Laurissilva ou em reservas naturais, como tem sido amplamente difundido por muitos, numa simples e baixa tentativa de distorção dos factos”, declarou.