Por unanimidade, o júri distinguiu esta "personalidade ímpar da cultura e da cidadania, autor de inovadora e vasta obra no domínio da História, mas também poeta luminoso", refere a Associação dos Jornalista e Homens de Letras do Porto.

Além do trabalho de investigador, o júri destacou também o seu exemplo de "homem de coragem".

"Mesmo nos tempos da dura repressão fascista, jamais traiu a luta por um Portugal de liberdade livre. Preso, perseguido, ou forçado a mergulhar na clandestinidade, sempre inventou tempo para a bondade e para avivar a voz dos silenciados", sustenta a associação em comunicado.

António Borges Coelho nasceu em Murça, Trás-os-Montes, em 1928.

Historiador, investigador e poeta, licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1967, e doutorou-se em 1984, na mesma instituição.

É autor de "A Inquisição em Évora, Portugal na Espanha Árabe (1972-1975)" e de "História de Portugal", em sete volumes, num percurso marcado por centenas de títulos e de obras de investigação.

Ao nível da literatura, escreveu livros como "Roseira verde", "Ponte Submersa" e "Ao Rés da Terra".

Na juventude, oposicionista à ditadura do Estado Novo, fez parte do Movimento de Unidade Democrática Juvenil e foi funcionário do PCP, do qual se desfiliaria em 1991.

Na luta contra a ditadura, foi preso político, no Aljube e na prisão do Forte de Peniche.

Foi agraciado com a Ordem de Santiago e com a Ordem da Liberdade e recebeu em 2018 o prémio Universidade de Lisboa.

O Prémio Rodrigues Sampaio, de periodicidade bianual e com um valor monetário de 7.500 euros, distingue uma personalidade da Cultura portuguesa que, ao longo do seu percurso "tenha praticado os valores da liberdade, da cidadania, como forma de aproximação entres as pessoas, com vista a uma sociedade verdadeiramente democrática".

Inês Cardoso, diretora do Jornal de Notícias, Alexandra Roeger, vice-presidente do Município de Esposende, Francisco Duarte Mangas, presidente da AJHLP, José Manuel Mendes, presidente da APE, e Valdemar Cruz, jornalista do Expresso, integraram o júri na edição de 2022.

Este galardão, na altura apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, foi instituído nos anos 50 do século passado, como perpetuação da memória de Rodrigues Sampaio, combatente da liberdade de expressão durante o liberalismo, e distinguiu, entre outros, Joel Serrão, José Manuel Tengarrinha, Victor de Sá, Óscar Lopes, Vasco Graça Moura e Hélder Pacheco.

Na década de oitenta, por falta de apoios, o prémio foi suspenso, sendo retomado agora, nos 140 anos da AJHLP, com o patrocínio do Município de Esposende, terra onde nasceu Rodrigues Sampaio, o redator de A Revolução de Setembro e do jornal clandestino O Espectro.

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