
O executivo do Presidente norte-americano, Donald Trump, elevou a 2,4 mil milhões de euros os cortes no financiamento público à Universidade de Harvard, justificados com alegada permissividade em relação ao antissemitismo e políticas de inclusão.
Um grupo de trabalho federal antissemitismo informou na terça-feira, numa carta enviada à direção de Harvard, de um corte dos financiamentos de oito agências federais, no valor de 450 milhões de dólares (400 milhões de euros), que se somam a 2,2 mil milhões de dólares (1,97 mil milhões de euros) anteriormente congelados pelo executivo.
"Há um problema obscuro no campus de Harvard e, ao dar prioridade à conciliação em detrimento da responsabilização, os líderes institucionais perderam o direito da escola receber apoio dos contribuintes", refere a carta, assinada por responsáveis dos departamentos de Educação, Saúde e Serviços Humanos e da Administração dos Serviços Gerais.
Segundo estes, Harvard foi repetidamente incapaz de abordar a discriminação racial e o antissemitismo no campus.
Na carta é citada a decisão de 2023 do Supremo Tribunal que anulou o uso da raça no processo de admissão em Harvard, juntamente com um relatório interno recente da universidade que detalha casos de assédio antissemita.
Harvard, afirmam, enfrenta uma "batalha difícil" para recuperar o seu legado como um lugar de excelência académica.
Uma das mais premiadas instituições académicas do mundo, Harvard interpôs uma ação judicial contra várias sanções impostas pelo executivo Trump nas últimas semanas.
A mais recente ação foi apresentada como uma atualização do primeiro processo, apresentado em abril, pedindo o bloqueio do congelamento inicial de 2,2 mil milhões de dólares.
As sanções por parte da Casa Branca aumentaram após Harvard tornar-se a primeira universidade do país a desafiar abertamente as exigências do governo para limitar o ativismo pró-palestiniano e acabar com as práticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI, na sigla em inglês).
Trump, um republicano, disse que quer que Harvard perca o seu estatuto de isenção fiscal, e o Departamento de Segurança Interna ameaçou revogar a elegibilidade da universidade para receber estudantes estrangeiros.
Na semana passada, o Departamento de Educação disse que Harvard não receberá mais fundos federais até cumprir as exigências do governo.
Em concreto, o executivo de Trump exige que Harvard reveja políticas de admissão e audite o seu corpo docente e estudantil, alegadamente para combater o antissemitismo.
Desde que iniciou o segundo mandato presidencial (2025-2029), a 20 de janeiro, Trump tem tentado impor mudanças nas universidades que, afirma, se tornaram focos de liberalismo e antissemitismo.
O Governo Trump também cortou o financiamento a outras instituições de ensino superior, entre as quais a Universidade de Columbia, a Universidade da Pensilvânia e a Universidade de Cornell, por causa de como lidavam com o ativismo pró-palestiniano e permitiam a participação de atletas transgénero em desportos femininos.
Harvard considerou as exigências do Governo uma ameaça à autonomia que o Supremo Tribunal há muito concedeu às universidades norte-americanas.
O presidente de Harvard, Alan Garber, contestou as alegações do governo numa carta na segunda-feira, dizendo que Harvard é apartidária e tomou medidas para erradicar o antissemitismo no campus.
Insistiu que Harvard está em conformidade com a lei, considerando as sanções federais como uma "tentativa ilegal de controlar aspetos fundamentais das operações da universidade".