A porta-voz da OIM, Safa Msehli, precisou que estes migrantes foram primeiro transportados para Tripoli e posteriormente enviados para o centro de detenção de al-Nasser, na localidade de Zawya, a oeste de Tripoli.

Segundo a representante da agência da ONU, as partidas da Líbia têm vindo a aumentar, o que é "especialmente preocupante num momento em que existe uma diminuição acentuada na capacidade de busca e de resgate".

A Líbia tornou-se nos últimos anos uma placa giratória para centenas de milhares de migrantes, sobretudo africanos e árabes que tentam fugir de conflitos, violência e da pobreza, que procuram alcançar a Europa através do Mar Mediterrâneo.

Devido à situação do país, imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011, a Líbia tem sido igualmente um terreno fértil para as redes de tráfico ilegal de migrantes e de situações de sequestro, tortura e violações.

A maioria dos migrantes tenta fazer a travessia do Mediterrâneo em botes de borracha mal equipados e muito precários em termos de segurança.

Segundo as mais recentes estimativas da OIM, divulgadas em abril passado, mais de 20 mil pessoas terão morrido durante a travessia da rota migratória do Mediterrâneo desde 2014.

Face à pandemia do novo coronavírus, as várias organizações não-governamentais (ONG) envolvidas no resgate marítimo de migrantes no Mediterrâneo, como a alemã Sea Watch ou a franco-alemã SOS Méditerranée, acabaram por suspender as operações.

Além disso, e também na sequência da atual crise sanitária, muitos portos europeus, como foi o caso em Itália e em Malta, foram encerrados.

Perante as restrições impostas ao nível das viagens e da circulação das pessoas, a pandemia também forçou as agências da ONU a interromperem os programas de realocação de refugiados.

Ao longo dos últimos anos, a União Europeia (UE) apoiou a guarda costeira líbia e outras forças locais para tentar conter a saída de migrantes em direção à Europa.

Várias organizações não-governamentais de defesa dos direitos humanos sempre denunciaram que tais esforços tinham deixado os migrantes à mercê de grupos armados locais ou retidos em centros de detenção sobrelotados e com condições de vida muito precárias.

Em fevereiro passado, a UE acordou trocar a missão de patrulhamento e de controlo do fluxo de migrantes no Mediterrâneo (designada como Sophia) por uma missão que visa bloquear a entrada de armas na Líbia e cumprir o embargo imposto pelo Conselho de Segurança da ONU, encarado como essencial para travar o conflito civil em curso no território líbio.

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