"O coronavírus é hoje o maior adversário da nossa nação. Precisamos evitar o colapso total dos sistemas hospitalares em todo o Brasil e melhorar o combate à pandemia", destacaram os líderes regionais numa carta conjunta.

Também propuseram a criação de um "comité gestor" que contaria com a participação dos poderes executivo, legislativo e judiciário, assim como de governadores e prefeitos, e que seria assessorado por um grupo de "especialistas" em saúde.

O documento sublinha ainda que este pacto nacional se tornou "mais urgente" do que nunca, face ao "agravamento" da crise sanitária neste país de 212 milhões de habitantes.

O Brasil, uma das nações do mundo mais afetadas pelo novo coronavírus, contabilizava até terça-feira 268.370 mortes e mais de 11,1 milhões de infeções, segundo dados do Ministério da Saúde.

O país tem superado consecutivamente o seu recorde de mortes diárias associadas à covid-19. Na terça-feira foram registadas 1.972 mortes num único dia, o maior número desde o início da pandemia.

Isso levou a que três quartos do país tivessem as suas unidades de terapia intensiva acima de 80% da sua capacidade.

Por detrás desse forte agravamento, as autoridades de saúde suspeitam que haja a circulação descontrolada de novas estirpes associadas a um maior poder de infeção, entre elas uma detetada no Amazonas (P.1).

Os governadores que assinaram a carta, alguns dos quais considerados aliados do Presidente Jair Bolsonaro, que nega e minimiza a pandemia, indicaram que esse "pacto nacional" deve incidir também na aceleração da campanha de vacinação, com a compra de mais doses.

No Brasil, a campanha de vacinação, que imunizou cerca de 4% da população, avança em ritmo lento devido à falta de doses prontas e "corre o risco de ser interrompida", segundo indicou o secretário executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, numa carta enviada na segunda-feira ao embaixador da China no Brasil, Yang Wanming.

Segundo a agência espanhola Efe, na carta, o secretário disse que a campanha de vacinação pode parar no país devido à "falta de doses, dada a escassez da oferta internacional" e pediu ajuda para ver a possibilidade da Sinopharm vender 30 milhões de doses ao Brasil da vacina BBIBP-CorV, desenvolvida por aquela farmacêutica.

Os líderes estaduais pediram um aumento da capacidade de camas em hospitais públicos, muitos deles já em colapso, e insistiram na importância de medidas preventivas de distanciamento social.

"Medidas como o uso de máscara e não estimular aglomerações têm sido utilizadas com sucesso na maioria dos países, em todos os continentes", manifestaram.

Bolsonaro minimiza os efeitos sanitários da covid-19 sobre, critica o uso de máscara e opõe-se veementemente às restrições à mobilidade adotadas por governadores e prefeitos para conter a disseminação do vírus.

Os governadores solicitaram, por outro lado, a integração de "todos os sistemas hospitalares", de forma a "aproveitar ao máximo a disponibilidade existente", a partir da "análise diária dos cenários em cada unidade federativa".

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.611.162 mortos no mundo, resultantes de mais de 117,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

MYMM // LFS

Lusa/Fim