Os três partidos esgrimiram argumentos hoje durante o debate da Conta Geral do Estado (CGE) de 2019, apresentada pelo executivo.

O documento já tinha sido depositado pelo Governo junto do parlamento e a sessão começou com a apresentação dos pareceres das comissões, seguindo-se o debate.

"É notável e marcante a atuação e o empenho do Governo no exercício da prestação de contas do Orçamento do Estado e do Plano Económico e Social", afirmou António José Amélia, deputado da bancada da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).

José Amélia salientou que o Governo seguiu com rigor os princípios de clareza, exatidão e simplicidade com que a CGE deve ser elaborada.

"Ficou comprovado que é uma conta completa e fiável", disse o deputado.

A bancada da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, considerou que as demonstrações financeiras vertidas na CGE de 2018 indicam que o Governo da Frelimo persiste no "calote" dos recursos públicos, repetindo práticas como as dívidas ocultas.

"Persistem situações de receitas próprias e consignadas por algumas instituições e organismos do Estado" que fogem ao controlo da Conta Única do Tesouro (CUT), sublinhou o deputado José Samo Gudo.

Samo Gudo acusou o Governo de apresentar deliberadamente contas com "discrepâncias" visando ocultar desvios de fundos supostamente praticados por dirigentes da Frelimo.

O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro partido, qualificou a CGE como não transparente e expressão de "indisciplina financeira" com os recursos públicos.

"O roubo desenfreado no Estado, o enriquecimento de uns e empobrecimento da maioria dos moçambicanos, são as verdadeiras causas da guerra que alimentam e empurram o país para o ciclo permanente de violência", afirmou José Domingos Manuel, secretário-geral e deputado do MDM.

Aquele responsável acusou o Governo da Frelimo de ter protagonizado um "assalto" ao setor empresarial do Estado, transformando as empresas públicas num "verdadeiro saco azul para financiar campanhas do partido no poder".

A CGE submetida ao parlamento pelo executivo moçambicano assinala que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,2% em 2019.

As receitas do Estado atingiram cerca de 270 mil milhões de meticais (3,2 mil milhões de euros) e as despesas ultrapassaram pouco mais de 340,4 mil milhões de meticais (cerca de quatro mil milhões de euros).

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