"Iremos imprimir a nossa impressão digital, mas iremos também, orgulhosos e humildes, perante os resultados anteriormente atingidos, seguir o caminho que vem sendo trilhado", disse Filipe Nascimento, no ato da sua investidura, que decorreu na cidade de Santo António.

Num discurso de nove páginas, duas das quais dedicadas a tecer elogios ao seu antecessor, Filipe Nascimento sublinhou o seu desejo de "tirar o Príncipe" do que considera ser a "ultraperiferia" que "tolhe o desenvolvimento" da ilha.

"A política faz-se de sonho, visão e capacidade de realização. Em todas estas dimensões colocaremos as pessoas no centro das nossas atenções", referiu o novo chefe do executivo regional, que aposta na educação e na formação profissional para "os filhos da ilha".

Nascimento reconheceu que o modelo de desenvolvimento do governo de José Cassandra, assente na sustentabilidade ambiental que levou a ilha do Príncipe a ser classificada como reserva da Biosfera da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) deu à ilha "um caminho do futuro", mas defendeu que "é tempo de fazer mais".

O líder da União para a Mudança e Progresso do Príncipe (UMPP), que tomou posse hoje para concluir o mandato já iniciado por José Cassandra, prometeu criar um plano de desenvolvimento regional que "ordene e organize" todo o território, como "um pilar central dos próximos anos".

O governante ambiciona mobilizar parceiros e empenhar financiamento suficiente para a construção do "prometido porto sustentável" na cidade de Santo António, destinado a "potenciar as ligações" entre as duas ilhas e "potencializar a produção interna".

O chefe do executivo regional aposta no turismo como "o mais importante setor transacional da economia", defendendo, contudo que é necessário "encontrar novos setores da economia quer com vista à substituição das importações, quer para aumentar" as exportações.

Filipe Nascimento disse contar com a parceria do governo central para executar o seu projeto de governação, apelando à contribuição dos cidadãos na diáspora e pedindo aos membros do seu governo para serem mais participativos no desenvolvimento regional.

Os quatro secretários do Governo Regional que tomaram posse hoje com Filipe Nascimento foram todos reconduzidos do executivo de José Cassandra.

O primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Jorge Bom Jesus, que presidiu ao ato de posse, lembrou ao novo presidente do Governo Regional que "qualquer nomeação para cargos de proa gera expectativas", apelando a Filipe Nascimento para não se esquecer de "servir e mostrar trabalho com humildade".

Jorge Bom Jesus recordou aos novos governantes para não se esquecerem da "lufada de tempos novos e imprevisíveis" trazidos pela pandemia de covid-19, que provocou o que considerou ser um "cataclismo sanitário".

O chefe do executivo são-tomense chamou a atenção ainda dos novos governantes da ilha do Príncipe que é preciso "redescobrir virtudes do diálogo e reinventar a naturalidade da cooperação".

"Um pé sozinho não anda, não pode haver liberdade sem solidariedade, sois agentes de continuidade e fatores de mudança e aceleração", frisou Bom Jesus.

Filipe Nascimento é um jovem quadro natural de Príncipe, de ascendência cabo-verdiana e formado em Direito em Portugal, que durante vários anos trabalhou na Câmara Municipal de Oeiras.

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