Em comunicado enviado à Lusa, o executivo guineense refere que a festa de Tabaski, conhecida também pela festa de sacrifício do carneiro, por ser um feriado móvel, impõe ao Governo o dever de decretar a data em que é observado.

"Por ser uma festa da família entre os fiéis da religião islâmica em que ocorrem deslocações de pessoas para várias localidades do país", o Ministério da Administração Pública "concede dispensa de serviço na sexta-feira, 06, e feriado nacional, no sábado, dia 07, aos funcionários da administração pública e entidades privadas", lê-se no documento.

A comunidade muçulmana guineense tem-se mostrado profundamente dividida sobre o dia da festa do Tabaski, sendo que alguns afirmam que será na sexta-feira e outros alegam que será no sábado.

Líderes de duas organizações representativas da comunidade islâmica guineense, imame Ali Ibrahim Bodjan, da Comissão Nacional de Observação Lunar, e imame Aliu Coté, da União Nacional de Imames da Guiné-Bissau, deram na quarta-feira conferências de imprensa, separadas, em Bissau, com posições antagónicas sobre o dia da reza.

A reza é o momento alto das festividades de Tabaski, em que um muçulmano adulto com possibilidades deve sacrificar um carneiro e dividir a carne com os familiares, amigos e vizinhos.

Em nome da Comissão Nacional de Observação Lunar -- astro pelo qual se orienta o calendário islâmico -, Ali Bodjan, imame da principal mesquita da Guiné-Bissau, afirmou que a reza deve ser na sexta-feira, "de acordo com as orientações do Profeta do Islão".

Na crença popular guineense diz-se que se a reza das festas islâmicas acontecer na sexta-feira, isso pode levar à queda do poder do Presidente da República.

Vários sábios muçulmanos têm desmentido essa alegação, lembrando que o islão não se revê em mitos.

Em sentido oposto, Aliu Coté, da União Nacional dos Imames, disse que a reza de Tabaski será no sábado, o que, assegurou, será observado pela maioria das mesquitas e centros de concentração da população muçulmana da Guiné-Bissau.

Em situação idêntica, em 2022, as autoridades, que tinham decretado o feriado para a festa de Tabaski num dia, dispersaram à força os fiéis muçulmanos que tentaram rezar no dia seguinte em várias localidades da Guiné-Bissau.

A festa de Tabaski, também conhecida por Eid-Ul-Adha, ocorre após a peregrinação dos muçulmanos a Meca, na Arábia Saudita, e serve para lembrar o momento em que o profeta Abraão tentou sacrificar o seu único filho a pedido de Deus, mas este acabou por o impedir, colocando um carneiro no lugar do sacrifício.

 

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