O diretor da empresa nepalesa Icela Trekking and Expedition, que apoia a expedição organizada pela Austrian Furtenbach Adventures, no Nepal, disse que a preocupação com a covid-19 não parou de aumentar, nos últimos dias.

"Tínhamos mais de 50 pessoas no acampamento base. Primeiro fizemos testes a alguns deles e descobrimos que quatro estavam infetados", disse o diretor daquela empresa, Tendi Sherpa.

Outros quatro membros da equipa deram positivo ao vírus SARS-CoV-2, que provoca a covid-19, numa segunda ronda de testes, e todos eles foram transferidos para um hospital de Katmandu, antes de a empresa cancelar a escalada do Everest.

Ainda assim, continuou este responsável, "seis montanhistas decidiram continuar" para depois especificar que a expedição era composta por 21 alpinistas estrangeiros.

"Estimamos que haja um surto massivo de coronavirus no acampamento base do Everest. A situação está fora de controle", disse Tendi Sherpa à agência espanhola de notícias, reconhecendo que a falta de testes dificulta a quantificação da magnitude do problema.

O diretor da empresa austríaca de viagens de aventura, Lukas Furtenbach, reagiu num comunicado: "Estou devastado, estou dececionado, lamento pelos meus clientes, e lamento muito pelos nossos xerpas e guias".

"Tentámos fazer tudo corretamente. O melhor possível, com a expedição a meio de uma pandemia. Tínhamos os nossos protocolos de segurança, estávamos isolados no acampamento base, e fizemos testes extensivos", escreve Lukas Furtenbach, na mensagem divulgada pela sua empresa.

O diretor da agência de escalada Seven Summit Treks, Mingma Sherpa, afirmou, por seu lado, que dez membros da sua companhia acusaram positivo ao teste de SAS-CoV-2 há duas semanas, incluindo sete estrangeiros.

"Mas eles recuperaram e voltaram ao acampamento base para continuar a expedição", disse Mingma Sherpa.

O representante do Ministério do Turismo do Nepal, Gyanendra Shrestha, disse à agência EFE, a partir do acampamento base, que vários montanhistas deixaram o local devido a febre e tosse.

"Não sabemos quantos abandonaram o acampamento base ou se voltaram para junto das suas equipas após a recuperação. Sem teste não podemos dizer nada", disse Gyanendra Shrestha.

Depois de o Nepal encerrar o pico mais alto do mundo, em 2020, por causa da pandemia, o país dos Himalaias emitiu, este ano, um número recorde de 408 permissões para escalar. Entre 11 e 13 de maio, mais de 150 pessoas chegaram ao cume do Everest.

Este número recorde de alpinistas acontece num momento em que este país asiático enfrenta uma segunda vaga de infeções do novo coronavirus.

O Nepal registou no sábado 8.046 novas infeções e impôs restrições para limitar o avanço da pandemia, incluindo um bloqueio ao tráfego aéreo internacional, que deixou milhares de estrangeiros no país.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.371.695 mortos no mundo, resultantes de mais de 162,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 17.007 pessoas dos 842.182 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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