
"Estou muito, mais muito deveras preocupado com a situação desta união [entre o MDFM-UDD [...] Não progredimos. Tenho impressão que regredimos muito as nossas atividades como partido político," afirmou Fradique Menezes, numa declaração proferida no Conselho Nacional da União MDFM-UDD, a que a Lusa teve hoje acesso.
Durante a reunião partidária realizada no sábado, Fradique Menezes, enquanto presidente honorário da força política, afirmou que a situação da união "está muito grave", e defendeu que o partido "tem que reorganizar-se", apelando aos seus dirigentes para trabalharem mais em prol da força política.
"Há muitos que estão a contentar-se com os lugarezinhos que conseguiram [...], servem-se dos partidos para serem ministros, secretários de estado, diretores, obterem alguns benesses, algumas bolsas de estudo aos seus filhos," afirmou o líder fundador do MDFM.
Fradique Menezes fez várias críticas aos dirigentes e militantes da UDD, referindo que estes não têm participado nas reuniões promovidas pela União MDFM-UDD com as comunidades e defendeu a adoção de iniciativas que possam "assegurar uma maior esperança de reorganizar estes dois partidos" até a data do congresso que será realizado em 26 de fevereiro.
O ex-PR defendeu que a União passasse a ser dirigida por um grupo que saísse do Conselho Nacional até ao congresso.
A União MDFM-UDD é uma das forças políticas que integram a 'nova maioria' com o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD) e o Partido de Convergência Democrática (PCD), na governação em São Tomé e Príncipe.
A União MDFM-UDD indicou para o Governo o ministro da Saúde, Edgar Neves, oriundo da UDD e os secretários de Estado da comunicação social e do comércio, vindo do MDFM. Outros membros destes partidos foram indicados para direções e conselhos de administração de empresas públicas.
O ex-PR denunciou o envolvimento do primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus, num processo de comercialização de arroz oferecido pelo Japão, cujo valor deve reverte para o Estado, bem como no financiamento dos processos eleitorais.
"Criou-se aqui uma firma chamada KAPA por causa do arroz de Japão", revelou.
Segundo Fradique de Menezes os partidos da 'nova maioria' acordaram que a empresa fosse constituída por um representante de cada cor política no poder, nomeadamente do MLSTP, PCD e ele em representação da União MDFM-UDD.
Na primeira comercialização feita pela empresa, "tudo correu bem e as pessoas falaram bem" e "havia em contrato assinado" para a segunda comercialização que se iniciou "uns meses antes das eleições presidenciais" de 2021, entretanto suspensas "para que o candidato do MLSTP ganhasse."
"O senhor líder da bancada parlamentar do MLSP/PSD reúne-se com o senhor primeiro-ministro, com o nosso secretário de estado do comércio [...] [referindo] que temos que acabar com isso, porque o povo não está contente e o candidato do MLSTP [Posser da Costa] é capaz de perder as eleições se continuarmos a comercializar o arroz desta maneira," explicou.
"Vai fazer advocacia! Vai fazer advocacia!" disse diante de forte aplausos e risos da plateia do Conselho Nacional da União MDFM-UDD.
"Não será que estamos a zelar pelos nossos 'tachos' [cargo] (...) Esse é que é o problema e temos que ser francos com isto, senão não faremos nada", disse.
No próximo ano São Tomé e Príncipe realiza, em simultâneo, as eleições legislativas, autárquicas e regionais.
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Lusa/fim