"A esquerda precisa de conversar. Já tínhamos identificado isso no passado, essa necessidade é hoje mais urgente do que nunca", sustentou Mariana Mortágua, em declarações aos jornalistas após uma reunião da Mesa Nacional, órgão máximo entre convenções, que decorreu hoje em Lisboa.

Na opinião da líder do BE, após as eleições legislativas antecipadas do passado dia 18, ganhas pela AD -- coligação PSD/CDS-PP e que elegeu um parlamento maioritariamente à direita, "a esquerda precisa de conversar desde logo para se opor e impedir uma revisão constitucional feita pelas mãos da extrema-direita ou da direita extrema".

"Essa revisão constitucional, que parece muito distante a muitas pessoas, significa a nossa liberdade individual e coletiva", avisou Mariana Mortágua, alertando que o SNS, a escola pública ou o Estado Social estão em risco.

Além disso, o BE quer diálogo "entre as esquerdas" sobre as presidenciais de janeiro de 2026, sublinhando que "são umas eleições importantes".

"É muito, muito importante que se encontre uma figura que possa servir de contrapeso democrático à maioria de direita, que possa ter os valores do humanismo, dos direitos humanos, da democracia, do Estado Social e da Constituição como fatores centrais na sua candidatura e a esquerda tem também a obrigação de dialogar sobre essa possível candidatura e que possa unir várias forças, vários partidos", salientou.

Antes das presidenciais, o próximo desafio eleitoral são as eleições autárquicas, previstas para setembro ou outubro, e Mariana Mortágua voltou a insistir em alianças neste campo "para que seja possível eleger vereadores de esquerda".

"Para que seja possível mostrar na prática ao país a diferença que faz políticas sociais, políticas que protegem o ambiente, que protegem a qualidade de vida, que respeitam a liberdade das pessoas, que podem e que conseguem integrar, que conseguem respeitar, que conseguem combater a poluição, políticas que respeitam as necessidades de cada território e que veem o território e as suas necessidades hoje em dia", sublinhou.

Esses diálogos, que "estão em curso", "devem intensificar-se para que a esquerda consiga apresentar uma alternativa credível, capaz, já nas eleições locais que se aproximam", defendeu Mortágua.

Depois de no Palácio de Belém, após a audiência com o Presidente da República, a líder do BE ter revelado que o seu partido está em diálogo com o Livre e o PAN para apresentarem "projetos de convergência" nas próximas eleições autárquicas, Mortágua voltou a manifestar disponibilidade para uma aliança à esquerda para a autarquia de Lisboa também com o PS, com o objetivo de "derrotar Carlos Moedas", atual presidente da Câmara.

 

ARL (FM) // JPS

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