O Ministério Público da região de Valparaíso confirmou nas redes sociais, por volta das 21:00 de sexta-feira (02:00 de hoje em Lisboa), a segunda detenção e indicou que os dois suspeitos deverão ser formalmente acusados ainda hoje.

Horas antes, o diretor da polícia de investigação chilena, Eduardo Cerna, tinha confirmado, durante uma conferência de imprensa, a detenção do primeiro suspeito.

De acordo com a imprensa chilena, trata-se de um bombeiro de 22 anos que tinha ingressado no corpo de bombeiros -- que não é uma força voluntária no Chile -- há um ano e meio.

O violento incêndio começou a 02 de fevereiro, em quatro focos simultâneos no Parque Natural do Lago Peñuelas, perto da cidade de Viña del Mar, 110 quilómetros a noroeste da capital, Santiago, e espalhou-se rapidamente devido ao forte vento e temperaturas extremas.

A alta densidade populacional em terrenos de difícil acesso, somada à seca prolongada no Chile, dificultou as tarefas de extinção das chamas, que atingiram os municípios de Quilpué e Villa Alemana.

Pelo menos 137 pessoas morreram, cerca de 16 mil foram afetadas e milhares de casas destruídas pelo incêndio que devastou a região turística de Valparaíso, de acordo com o balanço final das autoridades do Chile.

"O trabalho de campo, a recolha de provas, a análise e o cruzamento de informações permitiram localizar, estabelecer padrões de comportamento e dados geográficos de movimentação" do bombeiro detido, disse Cerna.

Na mesma conferência de imprensa, a ministra do Interior, Carolina Tohá, garantiu que a investigação permitirá elucidar "como uma pessoa que está naquela instituição teve comportamentos deste tipo" e pediu que o caso "não manche a função e o reconhecimento que [o Corpo de Bombeiros] tem na sociedade chilena".

"Estamos completamente arrasados com o que aconteceu, é um incidente completamente isolado", disse à imprensa o comandante do 13º Corpo de Bombeiros da cidade de Valparaíso.

"Protegemos Valparaíso há mais de 170 anos e não podemos permitir que tais coisas aconteçam", acrescentou Vicente Maggiolo.

O governador regional, Rodrigo Mundaca, disse à comunicação social que as autoridades de Valparaíso suspeitaram desde o início que o incêndio tinha origem criminosa e sublinhou que "perder 137 vidas é um dano irreparável e merece a punição máxima".

"Todos os habitantes de Viña del Mar sabiam que se tratava de um ataque intencional", disse a autarca da cidade, Macarena Ripamonti.

O Presidente chileno, Gabriel Boric, descreveu o incêndio de fevereiro, registado em pleno verão austral, como a "maior tragédia" que o país enfrentou desde o terramoto de 2010, ao qual se seguiu um maremoto, que provocou 500 mortos.

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