"A fome, tema central da minha fala neste Parlamento Mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir esta noite sem saber se terão o que comer amanhã", disse Lula da Silva na abertura dos debates gerais da 78.ª Assembleia-Geral da ONU.
"O mundo está cada vez mais desigual. Os 10 maiores bilionários possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade. O destino de cada criança que nasce neste planeta parece traçado ainda no ventre de sua mãe. A parte do mundo em que vivem seus pais e a classe social à qual pertence sua família irão determinar se essa criança terá ou não oportunidades ao longo da vida", acrescentou.
Depois de elencar problemas causados pela desigualdade, o Presidente brasileiro defendeu que "é preciso antes de tudo vencer a resignação, que nos faz aceitar tamanha injustiça como fenómeno natural. Para vencer a desigualdade, falta vontade política daqueles que governam o mundo".
Lula da Silva, que está no terceiro mandato presidencial, retorna ao plenário da ONU após 14 anos. A última vez que discursou como Presidente brasileiro na ONU foi em 2009.
Hoje, o chefe de Estado brasileiro lamentou ter de mencionar mais uma vez a fome e as desigualdades como duas grandes ameaças que pesam sobre a humanidade, como fez em 2003, na primeira vez em que discursou neste fórum global.
Lula da Silva afirmou que, agora, vinte anos depois de participar pela primeira vez na ONU, a desigualdade se soma às consequências do aquecimento global, que "são mais sofridas pelos países mais pobres", mas garantiu que não perde "a esperança" de que a comunidade internacional saberá como "corrigir o rumo" e "concentrar a sua agenda global no combate a todas as desigualdades".
O 78.º período de sessões da Assembleia Geral da ONU, ponto culminante da diplomacia mundial, foi hoje oficialmente aberto na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Entre os líderes que participam do evento está o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Este ano, porém, a Assembleia-Geral da ONU ficará marcada pela ausência dos governantes da China, Xi Jinping, da Rússia, Vladimir Putin, da Índia, Narenda Modi, do Reino Unido, Rishi Sunak, e da França, Emmanuel Macron.
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