Esta estimativa, divulgada num comunicado enviado na segunda-feira à noite para a Bolsa de Valores de Hong Kong - onde a Vanke está cotada - reflete o impacto da crise prolongada que afeta o setor imobiliário chinês.

Em 2023, a Vanke tinha registado lucros de 12,1 mil milhões de yuan (1,61 mil milhões de euros).

Num outro comunicado, a Vanke confirmou que o presidente, Yu Liang, e o diretor executivo, Zhu Jiusheng, vão deixar os cargos. Yu vai manter-se no grupo como vice-presidente e Zhu vai deixar a empresa "por motivos de saúde", acrescentou.

No início do mês, um meio de comunicação chinês Economic Reporter noticiou que Zhu, que ocupava o cargo desde 2018, tinha sido detido e que as autoridades estavam a considerar intervir na empresa.

A informação foi apagada poucas horas depois e a Vanke não confirmou a veracidade.

O novo presidente da Vanke será Xin Jie, o líder da SZMC, a operadora do metro da cidade de Shenzhen, no sudeste da China, que faz fronteira com Hong Kong. A SZMC é a maior acionista da Vanke.

A Vanke disse esperar "aproveitar as vantagens [de recursos]" da SZMC para garantir as suas operações de forma "contínua e sustentável".

"Face às perdas significativas esperadas até 2024, o grupo está a enfrentar dificuldades temporárias de liquidez. Para reduzir eficazmente os riscos e proteger os interesses dos compradores de imóveis, credores e investidores, o conselho decidiu reforçar a capacidade de gestão do grupo", referiu a Vanke.

"A empresa pede profundas desculpas pela perda de desempenho e fará todos os esforços para promover a melhoria do seu negócio", acrescentou.

Num terceiro comunicado, a Vanke anunciou a transferência de 49% de um projeto imobiliário em Shenzhen para a SZMC, que pagará cerca de 1,35 mil milhões de yuan (178 milhões de euros).

Em agosto, a agência de 'rating' Moody's desceu a classificação da dívida da Vanke para "B1", numa nova despromoção, depois de ter sido desclassificada para o estatuto de "lixo", em março.

A situação financeira de muitas empresas imobiliárias chinesas agravou-se depois de Pequim ter anunciado, em agosto de 2020, restrições ao acesso ao financiamento bancário para os promotores que tinham acumulado um elevado nível de dívida. 

Em 2024, o Governo anunciou várias medidas de apoio, com os bancos estatais a abrirem também linhas de crédito multimilionárias a vários promotores, cuja prioridade era concluir projetos vendidos em planta, algo que preocupa Pequim pelas implicações na estabilidade social, dado que a habitação é um dos principais veículos de investimento das famílias chinesas.

No entanto, o mercado não reagiu e os preços no imobiliário estão a cair há 19 meses consecutivos.

 

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