O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte sublinhou, em comunicado, que este sistema de defesa "é uma ação ameaçadora muito perigosa, que visa ameaçar a segurança estratégica dos países com armas nucleares", de acordo com a agência de notícias estatal KCNA.

A diplomacia norte-coreana divulgou a nota "para informar a comunidade internacional" sobre os perigos deste sistema, pode ler-se.

Trump anunciou na semana passada que os Estados Unidos vão ter até 2029 um novo sistema de defesa antimíssil, que apelidou de "Cúpula Dourada".

O Presidente norte-americano acrescentou que o Canadá vai juntar-se ao projeto, que estará operacional no final do seu mandato, em 2029, e custará um total de "aproximadamente 175 mil milhões de dólares (155 mil milhões de euros) quando estiver concluído".

Segundo Trump, o sistema terá capacidade de intercetar mísseis "mesmo que sejam lançados do espaço".

A "Cúpula Dourada" é inspirada no sistema de defesa antimíssil israelita "Cúpula de Ferro", daí derivando o nome adotado por Trump.

A "Cúpula de Ferro" intercetou milhares de foguetes e 'drones' desde a sua entrada em funcionamento em 2011, tendo uma taxa de interceção de cerca de 90%, de acordo com a empresa militar israelita Rafael, envolvida na sua conceção.

Israel começou por desenvolver o sistema após a guerra do Líbano de 2006, e mais tarde os Estados Unidos envolveram-se no projeto, contribuindo com tecnologia e milhares de milhões de dólares de apoio financeiro.

Trump já tinha mencionado este projeto de escudo antimíssil durante a sua campanha, apesar de não ser consensual entre os especialistas, alguns dos quais apontam que estes sistemas foram inicialmente concebidos para responder a ataques de curto e médio alcance e não para intercetar mísseis de alcance intercontinental que poderiam atingir os Estados Unidos.

Trump assinou no final de janeiro uma ordem executiva para desenvolver uma "Cúpula de Ferro Americana", que a Casa Branca descreveu como um escudo de defesa antimíssil para proteger todo o território norte-americano.

Na altura, a Rússia e a China criticaram o anúncio, tendo Moscovo considerado que se tratava de um plano "comparável à Guerra das Estrelas", apoiado por Ronald Reagan durante a Guerra Fria.

Os EUA já dispõem de muitas capacidades de defesa antimíssil, como as baterias de mísseis Patriot que forneceram à Ucrânia, bem como uma série de satélites em órbita para detetar lançamentos de mísseis.

Alguns desses sistemas existentes serão incorporados na "Cúpula Dourada".

A China e a Rússia colocaram armas ofensivas no espaço, tais como satélites com capacidade para desativar satélites americanos críticos, o que pode tornar os EUA vulneráveis a ataques.

O Pentágono tem alertado nos últimos anos que os mais recentes mísseis desenvolvidos pela China e pela Rússia são tão avançados que é necessário atualizar as defesas.

 

DMC (PDF) // RBF

Lusa/Fim