Amanda Ferguson/Reuters

Várias cidades do Reino Unido estão este sábado a ser palco de confrontos entre a polícia e manifestantes com 'slogans' anti-imigração e anti-muçulmanos, nomeadamente em Liverpool.

Segundo a AFP, naquela cidade no noroeste de Inglaterra, os manifestantes atiraram cadeiras, tijolos e outros projéteis contra a polícia.

Meios de comunicação locais reportaram também violência em Manchester (norte) e em Belfast, na Irlanda do Norte.

PM britânico diz que "não há desculpa" para violência


O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse este sábado que "não há desculpa para a violência", depois de terem eclodido confrontos em várias cidades do país onde decorrem manifestações com 'slogans' anti-imigração.

O chefe do Governo, que chegou ao poder há um mês, teve este sábado uma reunião de emergência com os seus principais ministros e "reiterou que o Governo apoia a polícia na tomada de todas as ações necessárias para manter as ruas seguras", disse um dos seus porta-vozes, citado pela AFP.

Violência em protestos de extrema-direita

A polícia do Reino Unido já estava preparada para mais violência durante o fim de semana, após nova noite de distúrbios provocados por manifestantes de extrema-direita.

Os confrontos de sexta-feira à noite levaram à hospitalização de quatro polícias durante um tenso confronto à porta de uma mesquita na cidade de Sunderland, no nordeste de Inglaterra.

Durante a violenta desordem de sexta-feira à noite, os manifestantes atiraram barris de cerveja, extintores de incêndio e pedras aos agentes da polícia. Um carro foi incendiado e uma esquadra da polícia foi atacada. Muitos dos envolvidos não eram da cidade e viajaram para causar o caos, segundo a polícia.

A violência em Sunderland, que levou à detenção de dez pessoas, é o mais recente surto de violência dos últimos dias e noites, que surgiram ostensivamente na sequência do esfaqueamento de segunda-feira numa aula de dança na cidade costeira de Southport, no noroeste do país, que causou a morte de três raparigas e ferimentos em várias outras. Um jovem de 17 anos foi detido.

Identidade do suspeito do esfaqueamento

Os falsos rumores espalhados na Internet sobre a identidade do jovem, que é muçulmano e imigrante, alimentaram a ira dos apoiantes da extrema-direita.

Os suspeitos com menos de 18 anos não costumam ser identificados no Reino Unido, mas o juiz Andrew Menary ordenou que Axel Rudakubana, nascido no País de Gales e filho de pais ruandeses, fosse identificado, em parte para impedir a propagação de desinformação.

Numa conferência de imprensa realizada no sábado, após a limpeza, o superintendente-chefe da polícia de Northumbria, Mark Hall, descreveu os protestos violentos em Sunderland como "imperdoáveis" e que quatro polícias ficaram feridos, três dos quais em consequência direta dos distúrbios.

Esperados protestos (e violência)

Durante o fim de semana são esperadas mais de duas dezena de protestos, incluindo em Belfast, Cardiff, Liverpool e Manchester.

Segundo a polícia, muitos estão a ser organizados 'online' por grupos obscuros de extrema-direita, que estão a mobilizar apoios com frases como "basta", "salvem os nossos filhos" e "parem os barcos".

Estão também previstos contraprotestos, com a organização Stand Up To Racism (Ergam-se Contra o Racismo) a manifestar-se contra a islamofobia e a extrema-direita.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, atribuiu a violência ao "ódio de extrema-direita" e prometeu pôr fim ao caos, garantindo que a polícia de todo o Reino Unido receberia mais recursos para impedir "o colapso da lei e da ordem nas ruas".

Numa conferência de imprensa na quinta-feira, Starmer afirmou que a violência nas ruas era "claramente motivada pelo ódio de extrema-direita", enquanto anunciava um programa que permitia à polícia partilhar melhor as informações entre as agências e agir rapidamente para efetuar detenções.

"Isto é coordenado, isto é deliberado. Não se trata de um protesto que se tenha descontrolado. É um grupo de indivíduos que está absolutamente inclinado para a violência", frisou Starmer.