Nesse cenário, segundo um relatório epidemiológico divulgado hoje, o número de casos positivos reportados poderia "chegar a um pico de 1.827 por dia", com o número total de casos ativos (reportados e não testados) a atingir os 11 mil por dia.

Cenário inverso, com medidas como as atuais -- incluindo confinamento obrigatório e isolamento de casos positivos -- a par da aceleração da vacina, o número de casos diários poderá "atingir um pico de 560 por dia" com o total de casos ativos (reportados e não testados) a "atingir um pico de 3371 por dia".

"Com a continuidade de medidas de saúde pública, é possível evitar um aumento severo nos números de casos, associado ao esgotamento do sistema de saúde pública que ocorreria no primeiro cenário", refere o estudo.

A análise é feita com base em modelagem epidemiológica numrelatório preparado pelo Pilar 3 do Ministério da Saúde, em conjunto com a Força-Tarefa para Prevenção e Mitigação da covid-19 da Sala de Situação do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC), com o Instituto Nacional de Saúde timorense, Organização Mundial de Saúde (OMS), as Equipas de Apoio Médico Australiano (AusMAT) e a Menzies School of Health Research, instituição que apoia o Laboratório Nacional timorense em Díli, nos testes à covid-19.

Neste caso, a modelagem levada a cabo pelo COVID-19 International Modelling (CoMo) Consortium, "mostra que medidas de saúde pública para reduzir a transmissão em Timor-Leste são importantes para minimizar o impacto do surto em termos de números de casos, hospitalizações e mortes".

A par das medidas deve avançar "o mais rapidamente possível" o processo de vacinação.

A modelagem surge numa altura de crescentes debates em Timor-Leste sobre o impacto das medidas de saúde pública na situação socioeconómica da população.

O relatório, que analisa a situação epidemiológica em Timor-Leste na última semana, entre 03 e 09 de maio, indica que nesse período a percentagem de testes com resultado positivo aumento de 11 para 23%.

Como exemplo, o relatório refere os quase 2.900 testes realizados nesse período a pessoas que pretendiam sair da cerca sanitária de Díli, dos quais 319 (11%) tiveram resultado positivo.

"Isso pode ser usado para estimar a prevalência, e com um grau de confiança de 95%, estima-se que a prevalência atual da covid-19 em Díli é de entre 9,9 e 12,2%", sublinha.

"Com base na população estimada de 352 mil pessoas em Díli, e tendo em conta a taxa mais baixa, estima-se que pelo menos 35 mil pessoas em Díli estão atualmente infetadas" com o SARS-CoV-2.

No que toca à incidência, os dados da última semana mostram um aumento de 5,9 para 8,5 casos por 100 mil habitantes, face à semana anterior.

Desde 01 de março houve ainda 64 pessoas que necessitaram hospitalização, com 12% de todos os casos positivos registados na última semana a serem sintomáticos, um aumento face aos 7% da semana anterior.

Crucial para a resposta e combate à doença, considera o relatório, é a campanha de vacinação, que entrou hoje na segunda fase, abrangendo pessoas com mais de 60 anos ou que tenham comorbidade em Díli e eventuais funcionários da linha da frente que não tenham sido ainda vacinados.

Timor-Leste está a viver o seu pior momento desde o inicio da pandemia, com 1.540 casos ativos e 3.227 acumulados desde março de 2020.

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