"A comunidade portuguesa tem vindo a declinar em Macau nos últimos anos, e é uma tendência, uma realidade", vincou ainda Lam U Tou.

As declarações do deputado da Assembleia Legislativa (AL) foram realizadas à margem de um almoço que juntou a comunicação social e membros do parlamento local.

Lam U Tou foi eleito em setembro de 2021, pela primeira vez, numas eleições marcadas pela exclusão de candidatos do campo pró-democracia.

Segundo os dados oficiais enviados pelas autoridades à Lusa, mais de 1.600 pessoas com passaporte português abandonaram o território nos últimos dois anos.

Apesar dos números, Lam U Tou defendeu que, "com quase 400 anos de interação entre Portugal e Macau, um curto período de mudança no fluxo de pessoas 'não significa eternidade'". E que "Macau terá sempre as suas raízes", sublinhou.

O deputado afirmou ainda que "fatores políticos e internacionais" terão levado a comunidade portuguesa a sair de Macau, algo que disse compreender.

"Espero que o Governo de Macau aborde estas preocupações, defendendo o princípio de "um país, dois sistemas" e a segurança nacional, e que as caraterísticas de Macau sejam verdadeiramente mantidas", acrescentou.

"No entanto, existem agora muitos conflitos ideológicos", salientou.

Por outro lado, sustentou que o desenvolvimento da Área da Grande Baía, um projeto de Pequim para criar uma metrópole mundial e que visa também a integração nacional de Macau, não significa que as caraterísticas de Macau serão apagadas.

"Não só esperamos que a comunidade de Macau tenha a sua própria identidade com a Área da Grande Baía, mas também esperamos que a comunidade portuguesa mantenha a sua identidade e tenha o seu próprio posicionamento e identidade no desenvolvimento" neste projeto, concluiu.

Após mais de 400 anos sob administração portuguesa, Macau passou a ser uma Região Administrativa Especial da China em 20 de dezembro de 1999, com um elevado grau de autonomia acordado durante um período de 50 anos.

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