"O candidato Francisco Guterres Lú-Olo tem o apoio formal do partido Fretilin. Da estrutura central até à base, todos apoiam a candidatura de Lú-Olo", disse à Lusa Fernando Gusmão, mandatário da candidatura do atual presidente da República e presidente da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).

"Quando se fala da questão do voto dos militantes ou simpatizantes, não há controlo, claro, mas o partido tem controlo da sua estrutura. A presença do general Lere como candidato não tem impacto na candidatura de Lú-Olo", disse.

Os comentários de Fernando Gusmão surgem numa altura em que se evidencia, pelo menos em termos de participantes em comícios, um número significativo de apoiantes nas ações de campanha de Lere Anan Timur.

Ainda que Lú-Olo tenha o apoio oficial e institucional da Fretilin -- a bandeira do partido é o seu símbolo no boletim de voto -- alguns dirigentes do partido admitem que o facto de haver outros candidatos que militam na Fretilin, especialmente Lere Anan Timur, pode dividir votos.

Um membro do Comité Central da Fretilin (CCF), ouvido pela Lusa, admite mesmo que alguns militantes que estão em ações de campanha de Lú-Olo -- dado o apoio institucional -- podem, no momento do voto, apoiar Lere Anan Timur.

Igualmente em debate tem estado a posição de um pacote alternativo à liderança do partido, liderado pelo deputado José Somotxo e pelo ex-primeiro-ministro Rui Araújo.

Quer Somotxo quer Rui Araújo já participaram em ações de campanha e comícios de Lú-Olo, porém outros elementos deste grupo estão ao lado de Lere, fazendo mesmo parte da equipa mais próxima de liderança da campanha.

Fernando Gusmão escusa-se a falar sobre se haverá ou não influência do 'pacote' na candidatura de Lere, mas garante que "não tem influência na vitória desse candidato".

"A Fretilin está unida a apoiar do Lú-Olo. Importa recordar que além das suas funções de Presidente da República é presidente da Fretilin e conta com o apoio do partido", reiterou.

Depois de oito dias de campanha e a ter em conta apenas os números de participações em comícios, os sinais apontam a que as candidaturas de José Ramos-Horta, apoiada por Xanana Gusmão, de Francisco Guterres Lú-Olo e de Lere Anan Timur são as que têm reunido mais apoiantes.

Igualmente com grandes comícios, especialmente em alguns locais, estão as candidaturas de Berta dos Santos, vice-primeira-ministra apoiada pelo partido Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), um dos três do Governo, e a de Mariano Assanami Sabino, apoiada pelo Partido Democrático (PD).

Se nenhum candidato vencer com mais de 50% dos votos no escrutínio marcado para 19 de março, haverá uma segunda volta com os dois candidatos mais votados a 19 de abril.

Nesse cenário, o resultado final poderá ser ditado pelo apoio que os restantes calendários venham a dar a um dos dois mais votados.

A campanha para as presidenciais, as quintas da história do país e as mais concorridas de sempre, termina a 16 de março.

 

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