Este incêndio em Tumbler Ridge é um dos ativos na Columbia Britânica, província que como o resto do país está a passar por condições extremamente secas, que provocaram uma das piores ondas de incêndios na história moderna do Canadá.

Entretanto, no leste do país, onde estão ativos cerca de 200 incêndios florestais, a província do Quebeque recebeu hoje um contingente de 100 bombeiros franceses para ajudar a combater alguns dos 140 incêndios ativos.

São estes fogos, com os de outros 50 da vizinha província de Ontario, os que geraram os fumos que desde o princípio da semana causaram problemas na salubridade do ar no Canadá e na costa leste dos EUA.

Hoje, a qualidade do ar melhorou em cidades como Toronto, Otava e Montreal, graças às condições meteorológicas e apesar de dos incêndios florestais continuarem a queimar cada dia milhares de hectares de árvores e vegetação.

Só este ano, o Canadá já sofreu 2.400 incêndios florestais e perdeu 4,3 milhões de hectares de floresta, 16 vezes mais do que a média da última década.

A professora de Física e Ciências Ambientais da Universidade de Toronto, Tanzina Mohsin, declarou à agência de notícias Efe que as alterações climáticas são as responsáveis diretas pelo dramático aumento dos incêndios florestais no Canadá.

Mohsin assinalou que o designado 'défice de pressão de vapor', a diferença entre a quantidade de vapor de água no ar e a quantidade que pode reter quando está saturado, está a provocar a seca extrema da vegetação, tornada assim combustível ideal para as chamas.

A académica advertiu que se está a chegar a, ou já se está mesmo, um ciclo de destruição que se alimenta a si mesmo.

Neste processo de autoalimentação, a subida das temperaturas devido às causas humanas do dióxido de carbono (CO2) provoca um aumento dos incêndios florestais nas regiões mais a norte do planeta.

Estes incêndios, como os que existem agora no Canadá, emitem grandes quantidades de CO2, além de que reduzem a capacidade da vegetação para o reter, o que acelera o aquecimento global, criando um ciclo imparável.

"Mesmo agora, façamos o que fizermos, não vamos poder escapar deste aumento [do aquecimento]. E vai ser difícil mantê-lo abaixo dos dois graus [centígrados]. Assim, não nos podemos limitar a procurar mitigar os efeitos do aquecimento global. Agora temos de fazer ações de adaptação", disse.

Um dos exemplos que avançou foi o fim de todo a urbanização em áreas propícias a incêndios florestais.

"Temos de planificar a redução dos riscos. Temos de planificar a gestão da floresta. Temos de pensar na tecnologia. Estes deveriam ser os nossos objetivos", disse.

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