
A proposta, subscrita pelo vereador responsável pelo pelouro do Urbanismo, Ricardo Veludo (independente, eleito nas listas do PS), foi aprovada em reunião privada do executivo com os votos favoráveis do PS, do PSD e do CDS-PP, a abstenção do BE e o voto contra do PCP.
Segundo o documento, está prevista "a instalação de quatro unidades comerciais e de uma unidade de serviços", que ocupará a totalidade do piso em sótão, correspondente à mansarda.
De acordo com a arquiteta Francisca Alves, diretora do gabinete que elaborou o projeto, as principais premissas "são reabilitar e preservar todos os espaços icónicos do quarteirão, assumindo uma intervenção contida e fiel ao original com base na imagem em representação no cartulário pombalino", um conjunto de plantas que foi desenhado e desenvolvido como referência para recuperar a cidade de Lisboa após o terramoto de 1755.
Atualmente, todo o quarteirão, onde durante quase um século esteve instalada a antiga pastelaria Suíça, está "num elevado estado de degradação".
Num vídeo explicativo do projeto, a que a Lusa teve acesso, a arquiteta adianta que o projeto "Quarteirão do Rossio" prevê repor todo o piso térreo, com o desenho e métrica do cartulário pombalino, à exceção da zona das lojas históricas, onde as fachadas serão reabilitadas e mantidas.
Todas as cantarias serão também reabilitadas, tal como os varandins, entre outros elementos, e será feita a substituição integral de toda a caixilharia (no piso térreo em ferro pintado a verde e nos pisos superiores em madeira pintada a branco com um aro verde).
Quanto às antigas lojas, Francisca Alves refere que a Manteigaria União é a que tem "mais elementos de elevado valor arquitetónico e patrimonial que serão todos mantidos, como o mobiliário a e pintura mural do teto".
A Pérola do Rossio, loja de chás e cafés e que é a única que se mantém em atividade, será "na íntegra mantida tanto no interior, como na fachada, assim como o seu comércio e a família arrendatária".
A cobertura dos edifícios será uniformizada, "com uma solução mais próxima da baixa pombalina", e no interior, que está "em muito mau estado", serão recuperados os tetos e pinturas.
Segundo uma nota dos promotores do projeto, o quarteirão é desde 2018 propriedade da empresa JCKL Portugal - Investimentos Imobiliários.
Na quarta-feira, os vereadores do PCP já tinham anunciado o voto contra a proposta por considerarem que "uma vez mais" se está a assistir "a uma oportunidade perdida de dotar o centro da cidade de uma multifuncionalidade desejável que mantenha a cidade habitada e viva".
"O PCP considera que não é através de megaempreendimentos comerciais que se revitaliza o centro histórico de Lisboa", lia-se numa nota enviada pelo gabinete dos vereadores comunistas.
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