
"Como voz do setor energético de África, a AEC condena o recente ataque protagonizado pela organização ambiental Friends of the Earth ao setor energético de África e ao progresso económico", refere o portal daquele organismo africano.
No mesmo texto, o presidente executivo da AEC, NJ Ayuk, assinalou que Moçambique está, simplesmente, a fazer o que todas as nações ocidentais fizeram durante anos, capitalizando os seus próprios recursos naturais para o bem-estar dos seus povos e desenvolvimento económico.
Ayuk sustentou que inviabilizar projetos de produção de gás natural liquefeito (GNL), como os que Moçambique pretende desenvolver, é desonesto e injusto.
"África deve ter a liberdade de tomar as suas próprias decisões em relação à exploração dos seus recursos naturais e ao impacto das mudanças climáticas", avançou o presidente-executivo da AEC.
Empreendimentos na área energética no domínio do GNL, como os que estão em curso em Moçambique, representam um ponto de viragem para África e uma oportunidade adicional para gerar receitas, prosseguiu.
Os ganhos que vão resultar da produção, transporte, processamento e distribuição serão usados para a construção de infraestruturas, financiamento de programas sociais e apoio a iniciativas de formação de mão-de-obra jovem no país, região e continente, assinalou.
A AEC refere que o gás natural produzido em Moçambique emite uma quantidade de dióxido de carbono menor que outras fontes fósseis.
"Esta ação judicial não resolve nenhum problema climático. A ação, vinda de uma organização ocidental, é contra os esforços de África de resolver a pobreza energética e não ajuda a resolver nenhum desafio imposto pelas mudanças climáticas", notou o presidente-executivo da AEC.
Na terça-feira, o Tribunal Superior (High Court) de Londres começou a analisar uma ação judicial da organização ambientalista Friends of the Earth para anular a decisão do Governo britânico de providenciar até 1.150 milhões de dólares (1.350 milhões de euros) através da agência de crédito à exportação UK Export Finance (UKEF) para os projetos de gás em Moçambique.
A organização argumenta que a decisão foi tomada sem levar devidamente em conta os impactos ambientais do projeto, o qual estima que vai ser responsável pela libertação de até 4.500 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera ao longo de vários anos, o que desrespeita os compromissos do Acordo de Paris para travar o aquecimento global.
Em novembro, o representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Moçambique, Alexis Meyer-Cirkel, considerou pouco sensato pensar em limitar o desenvolvimento dos projetos de gás do país.
"Não me parece muito sensato esse movimento" oposto àqueles investimentos, referiu, reconhecendo que "as alterações climáticas têm efeitos negativos óbvios", mas a sua ligação ao consumo de combustíveis fósseis "é um problema para ser resolvido a nível global" e não à custa um ou outro país.
"Moçambique é um país que emite muito pouco" carbono, proporcionalmente à população (30 milhões de habitantes) e em comparação com os restantes países no mundo, disse.
Por outro lado, "a transição para fontes renováveis vai levar algum tempo e essa transição só pode ser feita com fontes não renováveis, pelo menos por um certo tempo".
Alexis Meyer-Cirkel considerou que "o gás de Moçambique é um gás razoavelmente limpo" comparado com outras fontes não renováveis.
Moçambique começa a exportar a partir de 2022 gás natural liquefeito a partir da bacia do Rovuma, onde foram descobertas algumas das maiores reservas do mundo.
O gás deverá desempenhar um papel fundamental na economia moçambicana na próxima década.
PMA (BM) // JH
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