
"As eleições determinaram uma maioria de direita para governar a Madeira. O facto de aceitarmos, com humildade democrática, os resultados eleitorais, não implica que nos conformemos com a vida de tantos madeirenses e porto-santenses, excluídos por esta governação liderada pelo mesmo presidente há dez anos", começou por afirmar Paulo Cafôfo na intervenção no encerramento do debate do programa do Governo.
Os resultados eleitorais, diz, "não significam que os madeirenses e porto-santenses tenham votado entusiasmados com esta governação. Votaram cansados de instabilidade".
É um facto, reconhece, que os madeirenses "quiseram estabilidade política, por claramente estarem cansados de eleições. Normalmente, nestas circunstâncias, e não é só aqui, favorece-se quem já governa". Tal, diz Paulo Cafôfo, não significa aprovação das políticas seguidas.
"Votaram à procura de paz política, não de continuidade das falhas de governação", garante.
"A estabilidade política não resolve por si só a instabilidade que as pessoas sentem nas suas vidas, quando esperam anos por uma casa, por uma cirurgia ou chegam ao fim do mês sem conseguirem pagar as suas contas", afirma o líder do PS-M.
"Não se confunda a maioria parlamentar aqui representada, com aprovação deste programa de governo", disse.
Esta semana, afirmou o deputado socialista, "ouvimos os membros do Governo e do PSD a justificarem tudo com a crise política. Disseram que não podiam resolver os problemas por causa da queda dos governos de Miguel Albuquerque".
A instabilidade, que levou a eleições sucessivas, "serviu durante este debate para justificar a não resolução de problemas, atribuindo as culpas à oposição e nomeadamente ao PS".
Mas, afinal quem causou essa instabilidade, pergunta Paulo Cafôfo. "Quem se demitiu na sequência de uma operação judicial e foi constituído arguido por crimes de corrupção", questiona.
"A queda dos seus governos, senhor presidente, não apaga dez anos de promessas não cumpridas e de decisões adiadas", afirmou dirigindo-se a Albuquerque.
Os problemas que hoje enfrentamos, garante, "vêm de uma década de governação do PSD de Miguel Albuquerque, e não vou sequer falar de quase 50 anos de governação do mesmo partido". Dez anos em que podia ter resolvido a habitação, a saúde, o custo de vida elevado e os baixos salários.
"Em termos políticos não se perdeu um ano e meio, com as várias eleições, perderam-se dez anos com a sua eleição em 2015", acusa.
Paulo Cafôfo garante que o PS teria outro programa e apresentou propostas para melhorar o poder de compra dos madeirenses, a habitação, a saúde.
"Ao contrário do que muitos gostariam, o Partido Socialista não desiste. É verdade que não tivemos o resultado eleitoral que desejávamos. Mas não nos vergamos perante as dificuldades. Não deixamos de cumprir o nosso dever. Continuamos aqui com a mesma força, com a mesma determinação e, acima de tudo, com a mesma honra", conclui.