O mês de abril trouxe um calor acima do normal, enchendo praias e levando a situações de afogamentos. Agora, em maio, e com o verão à porta, serão cada vez mais as pessoas que procurarão um espaço num areal perto de si que pode ou não ter vigilância.

As pessoas vão para a praia e entram dentro de água, às vezes, com condições meteorológicas adversas, outras vezes, porque o mar aparenta não estar muito mal, mas a verdade é que os fundos ainda estão alterados, há uma grande probabilidade de agueiros, que é uma coisa que acontece durante todo o ano, mas com mais frequência no inverno, e com correntes mais fortes. Isso acaba por dar origem a resgates e, às vezes, mortes”, explica ao SAPO o porta-voz da Autoridade Marítima Nacional, comandante José Sousa Luís.

Esta transição entre mar de inverno e mar de verão é um facto que não pode ser descurado para quem quer ir dar uns mergulhos. Em muitas praias portuguesas ainda se registam ondulação e correntes fortes, além de fundões, causados pelas tempestades de inverno. E convém não esquecer dos agueiros, a maior causa de resgates e mortes no mar.

“O mar ainda não está tão calmo como o mar no verão, principalmente na costa ocidental, não tanto na costa algarvia, e até mais na zona norte. As pessoas têm de ter consciência disso”, refere José Sousa Luís.

"A costa ocidental é mais exposta à ondulação predominante, há ondas e correntes mais fortes do que na costa sul do Algarve. São duas costas diferentes. A costa ocidental gera mais dificuldades para os banhistas", salienta.

No início do mês, várias praias, como as de Cascais, do Algarve e de Oeiras, arrancaram com vigilância e na próxima segunda-feira (15 de maio) começa oficialmente a época balnear “em diversas praias do distrito de Faro, a 1 de junho abre na maioria das praias no centro e sul do país, e a 17 de junho juntam-se-lhes a maioria das praias do norte”, de acordo com o comunicado oficial do governo.

Comportamentos a adotar

A Autoridade Marítima Nacional recomenda que se adote sempre um comportamento de segurança, evitando expor-se ao risco, principalmente, se frequenta uma praia não vigiada.

Vigiar permanentemente as crianças, para que elas não se afastem, não caminhar junto à linha de água, nem de costas ao mar, para não ser surpreendido por nenhuma onda e, em caso de alguma situação de perigo dentro da água, não entrar no mar e pedir ajuda através do 112”, enumera o porta-voz da Autoridade Marítima Nacional.

Saber distinguir um agueiro é também essencial para evitar ser apanhado por esta corrente de retorno. “O agueiro é uma corrente localizada numa zona estreita que puxa em sentido contrário ao areal, mas é só naquela zona, normalmente é uma zona que não tem ondulação ou a ondulação não é tão forte e a coloração da água é mais escura. O que acontece é que as pessoas entram neste agueiro, sentem a corrente a puxar para fora do areal, entram em stress, em pânico e começam a nadar contra a corrente do agueiro. Mas a verdade é que assim não conseguem chegar ao areal”, descreve o comandante.

Para conseguir sair do agueiro, a pessoa deve “nadar paralelamente à costa ou perpendicularmente ao agueiro até deixarem de sentir a corrente e nadarem depois até ao areal”.

Numa praia vigiada, a presença de agueiros, bem como do estado do mar é sinalizada pelos nadadores-salvadores e por bandeiras. “Aconselhamos a cumprir com a sinalética e as bandeiras que estão na praia, e com as indicações do nadadores-salvadores e da Polícia Marítima. Mesmo durante o verão, temos mar agitado e agueiros”, sublinha o responsável.

NADADOR-SALVADOR
Cumprir com as indicações dos nadadores-salvadores é essencial créditos: LUSA

Cuidados com os desportos no mar

Com a popularização de desportos como surf, bodyboard e stand up paddle (SUP), é fácil comprar o equipamento e fazer-se ao mar. Contudo, e mais uma vez, a segurança deve ser a primeira preocupação. “Se tenho uma prancha, tenho de ter consciência do que sei e do que não sei fazer e de como está a minha condição física”, lembra o comandante.

Saber reconhecer as condições do mar é essencial. Não só ao nível da ondulação e correntes, mas também do vento que pode arrastar uma pessoa facilmente para longe da costa, como aconteceu, no mês passado, a uma praticante de SUP no Algarve.

Não entrar no mar na hora ou depois do pôr do sol e garantir que não se está sozinho (ter sempre uma pessoa a quem pedir ajuda dentro ou fora de água) são outros comportamentos recomendados para quem quer praticar desportos náuticos.