O ministro da Presidência marcou presença, esta quarta-feira, na comissão permanente do Parlamento num debate de urgência agendado pelo PCP sobre o apagão elétrico de segunda-feira. Depois de várias críticas em relação à estratégia comunicacional do Governo, António Leitão Amaro acusou a oposição de “oportunismo”.

“Só têm perguntas a fazer sobre como é que comunicámos e não coordenámos, felizmente não estão a falar de vítimas nem quebras de serviços que não aconteceram. Lamento muito aqueles que em vez de saudarem (…) e se juntarem ao esforço, tentam ser oportunistas sobre uma desgraça que não aconteceu, não aconteceu a desgraça que alguns parece que desejavam”, afirmou o ministro.

O ministro salientou que o Governo tentou comunicar com a população através de "todos os canais, das televisões às redes sociais, do SMS à rádio".

"Privilegiámos a rádio, porque nestas situações sabemos ser o meio mais resiliente. A interrupção da eletricidade deu-se às 11:33. Eu próprio, em nome do Governo, menos de uma hora depois, estava a comunicar através das rádios e televisões ao país. O primeiro-ministro falou três vezes nesse dia, a primeira das quais às 15:05. Ministérios, autoridades, fornecedores de energia foram emitindo informações e avisos às populações durante o dia pelos meios que tinham disponíveis", elencou.

Numa primeira ronda de pedidos de esclarecimento, o deputado do PS Pedro Vaz deixou um conjunto de perguntas específicas ao Governo, que acabaram por não ser respondidas. O socialista queixou-se e Leitão Amaro pediu que todos os partidos enviassem as suas perguntas por escrito.

“A que horas a REN comunicou ao Governo o incidente na rede e como se processou essa comunicação. A comunicação foi efetuada pelo centro operacional de despacho da REN ou pelo presidente da REN? e a quem foi feita essa comunicação”

Pelo Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua insistiu que Portugal tem "um problema de segurança pelo facto de a rede elétrica nacional ser hoje propriedade de um Estado estrangeiro" e pelo PCP, Paula Santos argumentou que o apagão "deixou mais visível os interesses que estão na base da gestão do sistema elétrico português" que "não são os interesses nacionais".

O deputado do Livre Paulo Muacho insistiu no envio de um questionário para averiguar as consequências do apagão em instituições públicas, e a líder do PAN, Inês Sousa Real, pediu uma reflexão sobre a "soberania energética", defendendo o recurso a energias renováveis.

“E se corresse mal?”

De acordo com Leitão Amaro, o Executivo procurou garantir "que se comunicava o que era necessário, sem nunca entrar em oportunistas exercícios de propaganda política".

O governante realçou que toda a crise exigia "uma liderança serena e competente" e "assim agiu o Governo", que declarou situação de crise energética, ativou os mecanismos de coordenação de contingência em crise previstos na lei e garantiu o abastecimento prioritário aos serviços essenciais, aos hospitais, forças de segurança, transportes e à Proteção Civil.

Na abertura do debate, Leitão Amaro afirmou ainda que o apagão elétrico do passado dia 28 "foi grave, inédito e inesperado" e um "momento definidor", deixando a pergunta: "E se corresse mal?".

O Governo, de acordo com o ministro, deu "prioridade absoluta à continuidade dos serviços de saúde mais críticos", preparou "a noite com as forças de segurança para que o caos não se instalasse" e geriu "incontáveis emergências" e o resultado foi "zero vítimas".

Leitão Amaro realçou ainda que Portugal recuperou a eletricidade "mais rápido" do que Espanha, sem a ajuda externa de que aquele país beneficiou, e apontou que até "antigos governantes do PS" realçaram que o executivo foi "bem-sucedido".

O ministro reconheceu, contudo, que "todos têm que aprender com esta emergência" e por isso o Governo avançou com a criação de uma comissão técnica e independente e pediu uma auditoria independente à União Europeia.