O estatuto profissional de animador sociocultural chegou hoje à Assembleia da República, após a submissão de uma petição com mais de 4.300 assinaturas, criada pela Associação Portuguesa de Desenvolvimento da Animação Sociocultural (APDASC), e o apoio do Bloco de Esquerda (BE), que criou um projeto de lei sobre o tema.

"Queremos que a carreira seja finalmente criada, porque não existe. Estamos no terreno com vários acordos coletivos na educação e na função pública, mas depois não existe uma carreira. Isto prejudica-nos imenso, porque não conseguimos estabelecer quem é que pode exercer a profissão, quais são as funções do profissional e isso cria injustiças e precariedade", explicou à Lusa a presidente da APDASC, Isabel Filipe. 

Relativamente às injustiças na prática da profissão, o técnico superior de animação sociocultural há 22 anos e fundador da APDASC, Carlos Costa, explicou à Lusa que o problema está, muitas vezes, nas próprias instituições, que não conseguem "balizar até onde os animadores podem ir", ou seja, por serem técnicos multifacetados são colocados a desempenhar funções de outras áreas, como a assistência social. 

Além do desempenho incorreto de funções, Carlos Costa admitiu ter visto de perto situações em que pessoas com competências humanas, mas sem as competências científicas e técnicas da profissão de animação sociocultural, foram contratadas e promovidas pelas instituições.

Os jovens que pretendem ingressar na profissão e fazem estágios também se confrontam com a falta de conhecimento dos limites da área profissional por parte das instituições que os recebem, sendo muitas vezes colocados a desempenhar funções de outras profissões, disse à Lusa um professor e formador da disciplina animação sociocultural, que não quis ser identificado. 

O documento discutido hoje na reunião plenária surgiu de uma proposta apresentada no congresso da APDASC, em 2019, que posteriormente foi atualizada e tem como objetivo promover o reconhecimento da carreira.

De acordo com a presidente da APDASC, o documento ao ser aprovado, funcionará como a base da carreira e definirá, de forma clara, quais são as funções dos animadores socioculturais e quem deve ou não exercer a profissão. 

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