"A nossa grande luta agora não é para aumentar a produção, é para estabilizar a produção aí em um milhão mais ou menos [de barris]", disse Diamantino Azevedo, quando respondia perante deputados da Comissão de Economia e Finanças da Assembleia Nacional, numa audição parlamentar para abordar a situação do setor que dirige.

O titular da pasta dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás sublinhou que "é natural" o declínio da produção que Angola regista há alguns anos.

"É como um copo de água, bebemos, ele acaba, temos que repor. É como o petróleo, nós estamos a explorar há anos, as reservas vão exaurindo, é necessário procurar e se tivermos sorte encontramos e nem sempre encontramos na mesma proporção que retiramos", referiu.

Segundo o ministro, "é preciso investir", porque Angola esteve, depois de "anos de ouro da indústria do petróleo", um período longo sem novos investimentos.

"Tivemos os anos de ouro da indústria do petróleo, depois houve um ano em que relaxamos, um período longo em que relaxamos, quase nenhuma exploração, e praticamente tivemos anos sem licitação de blocos e isso também contribuiu para o declínio", realçou Diamantino Azevedo, reforçando que o maior objetivo "é estabilizar a produção durante mais alguns anos" em pouco mais de um milhão de barris diários.

O governante angolano disse que o Estado angolano está, nesta altura, sem poder financeiro para grandes investimentos, por isso "tem que procurar parceiros", o que implica estabilidade contratual, política e legal.

Entre as estratégias para a estabilização da produção petrolífera e diminuição do declínio da produção, o ministro disse existirem vários instrumentos, como o decreto sobre o incremento da produção, já submetido ao parlamento para a devida autorização legislativa.

"É um incentivo que queremos dar às operadoras, para elas produzirem para além do que está estabelecido contratualmente, e, em caso de resultados positivos, esta produção adicional será repartida entre o executivo e as operadoras", declarou.

Uma das recomendações da Comissão de Economia e Finanças da Assembleia Nacional foi no sentido deste setor prestar maior atenção ao processo de descarbonização da indústria petrolífera angolana.

"É uma recomendação e nós vamos olhar com mais atenção, mas também prestámos aqui um esclarecimento aos deputados - que possivelmente não dominavam tudo o que está a ser feito a nível da descarbonização --, o nosso país está muito bem", referiu.

Diamantino Azevedo disse que Angola está empenhada nesse processo, possui instrumentos legais e está inserida em várias iniciativas internacionais, com parceiros operadores.

O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás enfatizou que Angola não vai aceitar "agendas de terceiros relativamente à produção petrolífera".

"Nós vamos continuar a produzir petróleo, ninguém vai nos impedir de produzir petróleo, mas teremos cada vez mais cuidado com as questões ambientais, com a descarbonização, com a diminuição de emissão de gases estufa e também com todos os outros aspetos que permita que nós podemos continuar a produzir o nosso petróleo, respeitando o ambiente, tendo em conta as alterações climáticas", afirmou.

 

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