
Os supostos rebeldes terão sido abatidos na madrugada de segunda-feira, durante uma emboscada organizada por membros das forças locais das comunidades de Mandela e Mapate, localizadas a cerca de 50 quilómetros da sede do distrito de Muidumbe.
"Após os terroristas ferirem um membro da força local na semana passada e queimarem várias casas em Mapate, decidimos organizar uma emboscada na zona montanhosa de Namagwogwe, nas margens do rio Messalo, do lado de Macomia. Na operação, conseguimos abater três terroristas", explicou à Lusa um membro da força local da comunidade de Mandela.
Segundo a fonte, a força local - ex-guerrilheiros da luta de libertação que apoiam as forças governamentais no combate contra a insurgência - não conseguiu identificar o número de rebeldes que integrava o grupo emboscado, na medida em que logo que a operação começou "vários colocaram-se em fuga".
"Infelizmente, não foi possível também recuperar armas deles. Só conseguimos encontrar os corpos estatelados, depois dos nossos disparos", acrescentou outro membro da força local de Mapate.
As incursões em pontos recônditos nas margens do rio Messalo, entre Muidumbe e Macomia, ganharam vigor nas últimas semanas e as autoridades locais acreditam ser da autoria dos grupos rebeldes que deambulam pela região, em fuga das operações militares que têm sido desencadeadas pelas forças governamentais.
O interior do distrito de Macomia foi durante os últimos meses palco de vários confrontos, no âmbito de operações do exército moçambicano, apoiado pelo Ruanda e pela Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que culminaram com o assalto à principal base rebelde naquele distrito: a base Catupa.
A base Catupa, descrita como o principal refúgio dos rebeldes em Macomia, estava localizada numa mata densa do distrito e albergava insurgentes que fugiram das operações militares para a recuperação de Mocímboa da Praia, em agosto de 2021, segundo informações avançadas pelas Forças Armadas de Defesa e Segurança de Moçambique em 23 de julho.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas está a ser aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda, a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário.
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