No contexto do desenvolvimento da cultura de massas, a banalização da telefonia revolucionou, a partir da segunda década do século XX, circulação de ideias, discursos, informações e da cultura popular.

A sua eficácia enquanto meio de comunicação não decorreu apenas do facto de ser um meio de amplo alcance, mas sobretudo da grande intimidade que a escuta proporciona às audiências. De repente, figuras que nos eram estratosféricas entram nas nossas casas através de algo tão íntimo e pessoal como o timbre das suas vozes.

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Neste episódio, Rui Tavares propõe-se rever o amplo papel da emissão radiofónica na definição das modernas formas de fazer política, como este meio foi instrumentalizado como pilar central da propaganda fascista e como se constitui também enquanto importante reduto da democracia.

Revolucionando o modo como a cultura popular se disseminou no globo através desta tecnologia de aproximação à distância, a telefonia foi desde logo entendida como importante meio de propaganda política e assim adoptada pelos regimes fascistas que despontaram na europa na segunda e terceira décadas do século XX. Assim o entenderam Mussolini ou Hitler, cujos discursos inflamados fizeram virar as massas que os escutavam ao vivo mas também quem nas suas casas acompanhou as inflexões da voz, as hesitações, as ovações da plateia, como se de facto ali estivesse.

Mas a possibilidade de rápida circulação de ideias, e sobretudo, da aproximação da figuras políticas ao povo, fez da rádio também um importante recurso do debate democrático. Rui Tavares lembra-nos como Roosevelt se socorreu da rádio como meio instrumental de informação e combate à disseminação do medo enquanto arma política. Sobretudo, de criação de ideias comuns de progresso social.

Acompanhar a relação entre a telefonia e a política permite traçar a genealogia do presente e do papel das redes sociais tanto para a erupção de ideologias políticas populistas transversalmente, como para o seu antídoto através da informação.

Fotografia de Tiago Miranda, trabalho gráfico de Vera Tavares e Tiago Pereira Santos

Ao mergulhar nas histórias que antecipam a grande história do século XX, Rui Tavares propõe-nos o exercício de pensar como seria a Europa de hoje, 100 anos depois deste ano aparentemente insinificante e, sobretudo, alerta-nos para as tamanhas semelhanças deste nosso ano de 2025.

Oiça ‘Tempo ao Tempo’ aqui no Expresso, SIC e SIC Notícias, ou subscreva o podcast em qualquer plataforma de podcast. Todas as quintas-feiras um novo episódio escrito e narrado por Rui Tavares. E ao sábado, um episódio extra emitido na SIC Notícias e em podcast.