
Todos os anos, por esta altura, o espanto renasce: por todo o lado, a flor lilás dos jacarandás desponta, ainda antes das folhas, provocando (apenas por uns dias, mas às vezes com uma reedição nos meses de outono) uma sinfonia de cor pelas ruas e jardins de Lisboa.
O sucesso lisboeta desta árvore, oriunda da América do Sul (e que nos últimos meses ganhou inesperado protagonismo nas notícias de Lisboa) é fruto de duas características da capital portuguesa: estar ligada, há séculos, através das rotas oceânicas, com a geografias e ecossistemas muitos diversos; uma posição geográfica favorável, entre dois continentes (três, se pensarmos que o mar também aproxima), com um clima favorável ao desenvolvimento de espécies de praticamente todo o mundo.
Mesmo assim, será de espantar saber que Lisboa tem uma das mais altas taxas de biodiversidade de árvores no mundo: quase 800 espécies diferentes! Para isto, muito contribuiu o trabalho laborioso de alguns dos primeiros botânicos do país (como Vandelli e Brotero) e o intenso tráfico de sementes e plantas que enriqueceu os hortos e jardins da nobreza e aristocracia ao longo dos séculos XVIII e XIX.
Na lista das árvores de Lisboa existem espécies classificadas, como o famoso cipreste-do-buçaco do Príncipe Real, a Bela-Dona da Sé ou a Sumaúma da Praça da Alegria. Entre as espécies introduzidas (e entretanto naturalizadas) estão o jacarandá, mas também o cipreste, o plátano e a olaia. Entre as nativas estão algumas das mais espalhadas pelas ruas e jardins, como a oliveira, o pinheiro manso e essa grande desconhecida, que é também, a árvore mais abundante em Lisboa (excetuando Monsanto): o celtis australis, mais cumummente chamado lódão-bastardo ou ginginha do rei!
Neste episódio de Histórias de Lisboa, Miguel Franco de Andrade e a professora do Instituto Superior de Agronomia (e diretora do Jardim Botânico da Ajuda) conversam sobre as razões para o sucesso dos Jacarandás e o ranking desconhecido das árvores de Lisboa.
Histórias de Lisboa é um podcast semanal do jornalista da SIC Miguel Franco de Andrade com sonoplastia de Salomé Rita e genérico de Nuno Rosa e Maria Antónia Mendes.
A capa é de Tiago Pereira Santos em azulejo da cozinha do Museu da Cidade - Palácio Pimenta.
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