Puro-Sangue ou Sangue Puro. Bem sei que o 10 de Junho já foi o Dia da Raça, mas nunca jamais em tempo algum se tinha visto este tipo de linguajar na política portuguesa. E não é que foi logo introduzido no dia de Camões?! E logo pelo próprio Presidente da República?! Mas o que é que isso quer dizer?! Puro-sangue conheço alguns cavalos e sangue puro conheço os não inoculados com as injeções experimentais mRNA, para a covid.

Fora isso, apenas conheço o trabalho do patologista Manuel Sobrinho Simões que (também num ido 10 de Junho), apresentou as suas conclusões sobre o perfil genético do português que é de uma "extraordinária diversidade genética" porque incorporou, ao longo de séculos, "judeus e berberes vindos de Espanha e do Norte de África, porque se misturou com árabes, porque teve escravatura de povos da África subsaariana, nas colónias e na Ásia". Ou seja, o que alguns discursos de 2025 fizeram foi recauchutar nesta ideia mais ou menos evidente do médico e com ela pretender alegar que, então, assim sendo, devíamos era continuar a misturarmo-nos em força. Ou que, como já somos misturados, temos de aceitar que entrem mais 1 ou 2 milhões de imigrantes, como se fôssemos iguais, como se fosse tudo a mesma coisa.

Pergunto: mas que sentido tem este tipo de argumentário?

Será a mesma coisa uma mistura apurada ao longo de séculos, fruto da nossa história, do que uma mistura forçada e feita à pressão?

Marcelo achará que a mulher portuguesa quer misturar-se com o hindustânico que não respeita os direitos do sexo feminino?

É tão português quem aqui está há séculos, deu tudo ao país, construiu as suas infraestruturas, lutou nas suas guerras, como um paquistanês que chegou há um ano e não fala a língua portuguesa?!

Continuarão a achar que podem impor as agendas dos globalistas que pretendem a substituição populacional ao povo português ?

Aceitem que não queremos mais imigrantes que dói menos.

Querem comparar esta invasão com qual ? Com as dos mouros que tanto sangue (puro ou não) tivemos de derramar para expulsar ?

Enfim. Poderia fazer mais perguntas destas até ao fim deste artigo, mas creio que são as bastantes para ilustrar o absurdo.

Ademais, o que o Presidente da República deveria ter feito era a celebração da nossa rica História e não um ajuste de contas, pejado de erros, um revisionismo que divide em vez de unir. O momento era de coesão nacional e não de clivagens, logo dispensavam-se bem as considerações sobre a escravatura e tentativas de culpabilização. Sobretudo, quando foram então abandonados tantos portugueses à sua sorte na independência das colónias ou no retorno ao país, já para não falar do desprezo pelos ex-combatentes. Ainda estavam à espera que aplaudissem o sheik Munir nas celebrações destes antigos soldados? E sorte teve ele de não levar com as acusações de violência doméstica relativas a 2015.

Pior ainda quando tantos portugueses se sentem expulsos de Portugal e quando os nossos imensos portugueses emigrantes são destratados de todas as formas e feitios pela República Portuguesa. Até no voto. Mais a mais, quando desbaratámos a nossa indústria, a pesca e a agricultura por causa dos interesses europeus. Etc. Os (maus) exemplos são abundantes.

Por fim, mais do que invocar pecados, remorsos e autoflagelações, o que seria avisado no 10 de Junho era apontar um rumo de país. Num amanhã. É que os portugueses, mais do que Gestas ou Glórias, querem evitar as Guerras. Mais do que recordar Feitos querem acabar com a Fome. Querem Futuro.

Ativista Política//Escreve à quarta-feira no SAPO 

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