Os líderes europeus e no mundo têm medo de Trump e quase todos lhe prestam vassalagem. Receiam as suas reações, a sua ira, e sendo assim o que fazem é bajular e evitar confrontos.

Mark Rutte (secretário- geral da NATO) é o expoente máximo da diplomacia da bajulação e de pura vassalagem perante as ameaças de Trump, quer nas questões comerciais quer nas questões de defesa.

A vitória de Trump, fez com que a Europa se ajoelhasse perante ele, o que  é um problema. A Europa deve manter a sua personalidade e investir na defesa para não precisar nunca mais de um político volátil como Trump.

Desde Putin a Starmer todos o elogiam, até o líder paquistanês o propôs para prémio Nobel.

Os líderes europeus não sabem como abordar Trump, ficam confusos, vai daí, optam pela constante cedência.

A situação  complica-se ainda mais,  pelo facto de Trump  ver o mundo à sua imagem, acima de tudo, através das lentes do seu egocentrismo.

A única coisa que sabemos, sobre o poder desde Homero é que, mais cedo ou mais tarde, ele obscurece a compreensão daqueles que o exercem, impedindo-os de ver o óbvio (sabemos também que é muito difícil para aqueles ao seu redor lhes dizer a verdade: o poder gera bajuladores).

Estou de acordo com Yanis Varoufakis quando diz, “nada é mais impressionante do que a capacidade inesgotável dos atuais líderes europeus de se humilharem para manter o direito de serem vassalos de Trump”. Disse-o em jeito de brincadeira, mas é a pura verdade. A questão é onde fica a linha entre o servilismo e a indiferença. Onde isto nos irá levar?!

O Qatar deu um avião como prenda no valor de 400 milhões de dólares. Incrível! Ninguém diz nada e acham normal. Numa democracia europeia adulta não é permitido. Evidentemente que vai ter contrapartidas com os negócios da família.

Trump não quer lealdade, que é uma virtude. Ele quer vassalagem, o que é muito diferente. Pessoas que lhe digam sim, não pessoas que lhe apresentem diferentes pontos de vista, prós e contras, e que possam aconselhá-lo a fazer as coisas de forma diferente do que ele quer.

Aqueles que não tiverem a capacidade de se calarem ou se recusarem a bajulá-lo sofrem a humilhação pública. Que o diga Zelensky na Sala Oval, transmitido para todo o mundo, em que ameaçou retirar-lhe apoio militar. Pedro Sánchez também foi repreendido por se ter recusado a gastar em defesa 5% do PIB. Trump ameaçou-o ao estilo de Vito Corleone: "Você tem uma economia linda. Seria uma pena se algo acontecesse com ela".

Eu acho que ninguém sabe como lidar com Trump; é imprevisível e tem mudanças de humor absolutamente desconexas. Trump  tende a respeitar quem se mantém firme. É preciso alguma habilidade, ceder por vezes e alternar com firmeza. Evitar reclamar em voz alta, mas usar uma diplomacia de influência. A Europa não deve ter medo de se manter firme, porque Trump reconhece a força; como a que a China demonstrou em termos comerciais

Trump não tem pejo em tratar mal os amigos. Trump é volátil, mesmo com aqueles que o bajulam. Ele pode  voltar-se contra um aliado, aconteceu com Bolsonaro, Trump impôs tarifas sobre o aço brasileiro sem aviso prévio. O presidente sul-africano Cyril Ramaphosa aprendeu da maneira mais difícil que bajulação não é sinónimo de sucesso. Ele foi à Sala  Oval para explicar que um genocídio de fazendeiros brancos não estava a acontecer. A reunião transformou-se numa verdadeira emboscada.

Por isso, o melhor quanto a mim é fazer tudo para nos libertarmos de Trump, e cada vez mais, estarmos menos dependentes das suas políticas. Não aceitar que ele seja o nosso paizinho e fazer-lhe frente quando passa os limites. Talvez nos respeite mais.

O seu mandato é de quatro anos e não se pode recandidatar. Até lá, vamos ter de aguentar esta personagem histriónica, dependendo do seu humor e sabermos que ele muda mais rápido do que um catavento.

Fundador do Clube dos Pensadores