Vou direto ao assunto: não consigo perceber como é que alguém tem vontade de cometer adultério ao som de Coldplay.

Uma banda cujos hits cantam "and I will try to fix you", mesmo como quem diz quando já não houver atração física podemos sempre tentar uma plásticaou "Yellow", claramente uma balada que passa o lema clássico do amor: na saúde,  na hepatite, na cirrose, ou na estranha possibilidade de te teres tornado asiático.

Atenção que isto é uma banda que teve a coragem de olhar para a "Não há estrelas no céu" e dizer, vinte e quatro anos depois, "Ó Rui Veloso, olha uma coisa: discordo."

E vocês querem trair ao som destes gajos?

Há músicas feitas especificamente para induzir o adultério. "Eu vou para a ousadia, eu vou para a cachorrada, hoje eu quero trair... a minha namorada."

Estamos a falar de um cantautor que tem uma relação tão saudável que lhe é permitido pela cônjuge encetar em rolés dirigidos à obtenção de cachorras, e ele mesmo assim quer trair. Isto sim é dedicação.

Agora,  trair a ouvir a Celine Dion? Convenhamos, ninguém consegue ter tesão com o Titanic. Nem o Iceberg que o f*deu.

Eu ainda sou do tempo em que se traía à capela. Um estilo de adrenalina extraconjugal cuja reputação foi manchada depois dos escândalos da Igreja Católica.

Ainda usando o paralelismo da música,  porque é que os homens com exposição que cometem adultério publicamente trocam sempre uma sinfonia de Beethoven por uma música de trend de TikTok? Só porque a sinfonia tem 200 anos?

Piqué, Jay Z, Cláudio Ramos, todos romperam o vínculo matrimonial com mulheres lindíssimas para se aventurarem em viagens manifestamente menos interessantes.

Há uma frase no livro "Os sete maridos de Evelyn Hugo" que diz algo como: "Behind every gorgeous woman, there's a man sick of screwing her."

Será que, de facto, os homens trocam a prata da casa pelo latão da rua?

Desculpem, talvez toda esta reflexão seja apenas um mecanismo para lidar com a possibilidade iminente de o Sérgio Conceição treinar o Benfica.

Comediante Estagiário