Somos hoje chamados a ir às urnas votar. Mas dia 18 de maio podia ser muito mais. Não é possível pensar no futuro sem falar sobre a nossa qualidade de vida, a forma como envelhecemos, como atuamos perante a necessidade urgente de tratar um doente politraumatizado, alguém que sofreu um AVC ou que tem paralisia cerebral.

O futuro precisa de visão e a Medicina Física e de Reabilitação é central numa saúde que pretende tratar, cuidar, integrar. É essencial à promoção da saúde, assente numa abordagem profissional e multidisciplinar e contribui significativamente para a autonomia e funcionalidade de pessoas incapacitadas, sempre com uma visão abrangente, que inclui o plano social, familiar e comunitário – assim preconiza também a Organização Mundial da Saúde.

É este o papel do médico fisiatra: devolver autonomia, qualidade de vida e movimento a quem deles realmente precisa.

Se queremos um país evoluído temos de saber tratar todos por igual. Por esta razão, implementar o Plano Nacional de Reabilitação, entregue há um ano pela Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação (SPMFR) ao Ministério da Saúde, é uma prioridade de saúde pública em Portugal. Já era uma prioridade ontem, é uma urgência hoje. Só com uma estratégia nacional clara, bem definida, que garante os melhores cuidados especializados para todos (independentemente da idade, região onde vive ou doença) poderemos responder adequadamente a este desafio.

Este plano tem de contemplar medidas de desenvolvimento da estrutura de assistência, incluindo a existência de equipas multiprofissionais de reabilitação coordenadas por médicos fisiatras, a adequada transição e continuidade, acompanhando as várias fases do processo de recuperação, e a intervenção segundo as melhores práticas clínicas e recomendações científicas. Um doente não pode – não pode mesmo – parar a sua reabilitação quando é transferido de um hospital para outra tipologia de cuidados ou para o seu domicílio.

O Plano Nacional de Reabilitação é uma das prioridades da SPMFR, e com ele o reconhecimento do médico fisiatra como essencial para um saudável e eficaz ecossistema de saúde.

É esse o mote da petição que decorre no site da Assembleia da República: que 18 de maio seja, todos os anos, o Dia Nacional do Médico Fisiatra, conferindo a devida importância ao decreto-lei 225/70 de 18 de maio, que veio reconhecer a Medicina Física e de Reabilitação como um ramo da medicina crucial no tratamento de pessoas com deficiências físicas e sensoriais, indo muito além da simples prescrição e aplicação de terapêuticas físicas.

Temos hoje em Portugal perto de 800 médicos fisiatras registados na Ordem dos Médicos, que todos os dias tocam a vida de milhares de doentes. Saibamos reconhecer o seu papel na construção de um sistema de saúde mais inclusivo, centrado na pessoa e na dignidade humana. Hoje votamos, mas quem sabe se para o ano, nesta mesma data, não estaremos a celebrar o dia Nacional do Médico Fisiatra?

Médico fisiatra e presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação