
Entre a serra e o barrocal em Alte, no concelho de Loulé, em plena serra do Caldeirão na aldeia de Cachopo, em Tavira. Ou em busca de dinossauros entre falésias, em Burgau, Vila do Bispo, três aldeias propõem uma jornada diferente com tempo para passeios de barco, mergulhos em cascatas, merendas à sombra da serra, caminhadas e artesanato local.
Estas são três das “Aldeias e Lugares Onde Reina o Sossego” que integra a coleção “Portugal Autêntico”, editada pelo Expresso.
Casas brancas e chaminés rendilhadas em Alte
Entre a serra e o barrocal, em Loulé, caminhe pela calçada portuguesa de Alte, uma Aldeia de Portugal de casas brancas com pátios, floreiras e chaminés rendilhadas. Conheça a Igreja Matriz e a observe a ribeira de água cristalina e fresca a atravessar a aldeia, bem como a Fonte Pequena e a Fonte Grande, que se acerca de árvores e convida às merendas e aos banhos na piscina natural. A ribeira segue até à Queda do Vigário, uma cascata com lagoa também propícia a banhos.
Repare murais de arte de rua e visite a Casa do Artesão (tel. 910084192), onde fica o atelier de Vanessa Vinhais. Produz vestuário de tecidos orgânicos e naturais, tingidos com impressão botânica. “O objetivo é ser um espaço de partilha”, explica a fundadora, que convida outros artesãos, por temporadas, a produzir, mostrar as peças e dinamizar workshops e eventos. Já se contemplaram peças utilitárias com papel machê, bijuteria com resinas, cerâmica, trabalhos em palma, lã, a cianotipia e a saboaria natural.
Conheça o Pólo Museológico Cândido Guerreiro e Condes de Alte (tel. 289478058), a Galeria de Pintura e Gravura de Daniel Vieira (tel. 967523687), a Casa do Esparto (tel. 914873515), nas Sarnadas, e a destilaria de medronho João Rafael (tel. 289478384), aberta a visitas e provas. Uma das rotas da Via Algarviana, o PR15 LLE – Entre o Barrocal e a Serra (Loulé), inicia perto da ponte de Alte, na EN 124, e acompanha os calcários do barrocal, os xistos e grauvaques da serra. O guisado de galo caseiro, o jantar de grão, jantar ou cozido de milhos, o xerém e o morgado de amêndoa d’ Alte são pratos a considerar nesta viagem. Descanse no Alte Hotel (tel. 289478523).
No nordeste algarvio em Cachopo
Em plena serra do Caldeirão, no interior do nordeste algarvio, dentro do perímetro territorial do concelho de Tavira, está Cachopo, uma das Aldeias de Portugal. Situa-se entre a EN124 e a EN397, e integra 53 montes. As casas caiadas de Cachopo e as chaminés rendilhadas constituem o enquadramento arquitetónico típico. De passados longínquos, permanecem as casas circulares, em pedra e telhados de colmo ou junco, de origem pré-histórica, onde são armazenados os alimentos para os animais, bem como a necrópole designada Anta das Pedras Altas, no Monte da Mealha.
A identidade rural estende-se aos ofícios preservados, como a tecelagem. Nos anos 1960, esta arte chegou a juntar 70 tecedeiras nesta aldeia. Hoje, persiste no tempo, graças às mãos de Otília Cardeira. O artesanato em madeira e a cestaria complementam a oferta artesanal desta aldeia, onde a gastronomia serrana ganha peso. “Coelho frito” e “Javali estufado” testemunham a missiva de um bom garfo no restaurante A Charrua (tel. 918465789). Tal como o “Bolo de mel” de Cachopo, no restaurante Retiro dos Caçadores (tel. 289844112). A última palavra é de Nuno Palma (tel. 932277650), que garante a continuidade da Aguardente feita a partir de medronho, colhido de pomares de medronheiros, numa povoação próxima de Cachopo.
O festim ideal para explorar Cachopo é a Feira da Serra. Inclui a mostra de artesanato e gastronomia da aldeia em maio, assim como a Festa de Verão, a decorrer no segundo fim de semana de agosto.
Caramujo ou burrié em Burgau
Nem só de observação de cetáceos e passeios junto à costa vive a Algarve Dolphin Lovers (tel. 914641422). Quando o barco sai da praia do Burgau para as experiências matinais de pesca, “antes do passeio as pessoas já estão felizes com as cores do nascer do sol”, nota o fundador da empresa, Rodrigo Clímaco. Melhor ficam ao apanharem sargos, safias. Esta aldeia da freguesia de Budens, em Vila do Bispo, esteve sempre voltada para o mar, tendo aqui existido uma armação de pesca de atum. Ainda hoje se veem embarcações de pesca tradicionais junto à praia, um cabrestante e pescadores de volta das redes. O nome Burgau é associado ao molusco gastrópode também conhecido como “caramujo” ou “burrié”, abundante nas rochas desta praia, e à “pedra rolada que era usada para equilibrar as embarcações”, refere Rodrigo Clímaco.
Protegida pelas falésias, a praia do Burgau é um pequeno paraíso e o chamariz desta aldeia com casario branco e azul, a fazer lembrar Santorini. Serpenteia-se entre ruelas, escadinhas, recantos com flores e becos, parando para fitar o mar. Ainda mais memorável é a vista desde o topo da arriba a nascente da praia, junto às ruínas do velho forte que deu lugar a uma bateria artilhada de defesa.
Petisque n’O Clube Restaurante & Bar (tel. 282695717), espreite o Forte de São Luís de Almádena e as praias vizinhas das Cabanas Velhas, Boca do Rio e da Salema, onde se veem pegadas de dinossauros. Pode fazer a etapa do Trilho dos Pescadores (Rota Vicentina) entre a praia da Salema e a praia da Luz, e os trilhos da “Rota das 5 Aldeias de Budens”.